O influenciador Rico Melquiades prestou depoimento nesta quarta-feira (14 de maio) à CPI das Bets, no Senado, e afirmou que nunca utilizou “contas demo” para promover apostas online. Essas contas são fornecidas por plataformas de apostas e simulam ganhos fictícios para atrair novos apostadores.
Depoimento e esclarecimentos
Durante a sessão, Rico confirmou que tem contratos de publicidade com casas de apostas, mas negou qualquer envolvimento direto com empresas irregulares. Ele também afirmou que não recebe ganhos extras com o aumento das perdas dos apostadores.
“Sei o que é uma ‘conta demo’, não vou ser hipócrita, mas nunca utilizei. A ‘conta demo’ é uma coisa ilustrativa, que você divulga mostrando o jogo, mas é uma conta real. Não é uma conta que não existe. É uma conta real. Porém, é o pessoal que contrata que manda login e senha”, declarou o influenciador.
Investigação e Operação Game Over
Rico Melquiades foi convocado na condição de testemunha e chegou ao Senado por volta das 10h30, iniciando seu depoimento às 11h55. Ele mencionou que foi chamado pela Operação Game Over 2, que investiga influenciadores digitais por suposto incentivo a apostas em casas clandestinas.
O influenciador é investigado pela Polícia Civil de Alagoas, que apura se ele incentivou seguidores a apostar em plataformas ilegais. Em janeiro deste ano, Rico foi alvo de uma operação que resultou na apreensão de bens e bloqueio de contas.
Cláusula da ‘desgraça alheia’
A CPI das Bets investiga a existência de cláusulas nos contratos de influenciadores que garantem bônus sobre as perdas dos apostadores.
Na terça-feira (13 de maio), a influenciadora Virgínia Fonseca negou que seus contratos incluíssem essa cláusula, mas admitiu que havia previsão de um bônus contratual caso ela dobrasse os lucros da casa de apostas.
Assim como Virgínia, Rico Melquiades tem o direito de ficar em silêncio em perguntas que possam incriminá-lo, conforme decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A CPI das Bets considera os depoimentos de influenciadores digitais essenciais para entender as estratégias de comunicação das casas de apostas e a atração de novos apostadores.
A relatora da CPI, senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), acredita que as oitivas ajudarão a esclarecer possíveis conflitos éticos no uso de influenciadores para promover jogos de azar.
A comissão tem até junho de 2025 para concluir os trabalhos e apresentar um relatório final sobre a regulamentação do setor.
Fonte: Redação