Fitch mantém perspectiva neutra para títulos soberanos da América Latina, apesar de desafios econômicos

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Reinhard Krause/Reuters

A Fitch Ratings manteve a perspectiva neutra para os títulos soberanos da América Latina, apesar dos desafios econômicos e das incertezas geradas pela nova política comercial dos Estados Unidos.

Crescimento e impactos econômicos

A agência projeta que a América Latina crescerá 2,1% em 2025, mantendo o ritmo do ano anterior. A recuperação da Argentina deve compensar a desaceleração no Brasil e a recessão no México.

“A região está exposta ao protecionismo comercial e à incerteza política mais ampla dos EUA, com o México especialmente vulnerável, mas os efeitos poderiam ser mitigados por um tratamento tarifário mais favorável em relação a outras regiões”, afirmou Todd Martinez, cochefe de títulos soberanos da Fitch Ratings.

Fatores de risco e desafios fiscais

A maioria das economias latino-americanas foi taxada com uma tarifa mínima de 10% pelos EUA, incluindo o Brasil. Como a região não foi alvo de alíquotas mais altas, os impactos diretos podem ser administráveis, segundo a Fitch.

A agência também alerta para os efeitos indiretos do crescimento mais lento dos EUA e da China, além da incerteza sobre tarifas, que podem pesar sobre a economia regional.

Os preços das commodities representam um risco, mas o impacto tem sido misto: enquanto os metais mantiveram seus preços, o petróleo registrou queda.

Política migratória e juros

A Fitch destaca que políticas migratórias mais rígidas nos EUA podem afetar a região, embora as deportações não tenham aumentado significativamente. As remessas seguem aquecidas, mas podem diminuir após um aparente aumento antecipado.

A agência também alerta que a consolidação fiscal pode ser desafiadora em 2025, impactando taxas de juros e níveis de endividamento dos países.

Por outro lado, a desvalorização do dólar deu aos bancos centrais margem para reduzir juros ou evitar um aperto monetário mais severo.

Ratings e perspectivas na América Latina

A Fitch Ratings aponta que elevações de ratings superaram os rebaixamentos na América Latina em 2025, com uma proporção de três para um.

Entre os países que tiveram notas elevadas estão Argentina, Aruba e El Salvador, enquanto a Bolívia foi rebaixada.

O Brasil mantém seu rating “BB”, dois degraus abaixo do grau de investimento, com perspectiva estável desde junho de 2024.

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