Haddad critica saída de deputados da Câmara e chama atitude de ‘molecagem’

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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante coletiva para explicar o pacote de corte gastos do governo - Crédito: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

A audiência pública na Câmara dos Deputados com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nesta terça-feira (11), teve um desfecho tumultuado após um embate verbal entre Haddad e os deputados bolsonaristas Nikolas Ferreira (PL-MG) e Carlos Jordy (PL-RJ). A sessão foi marcada por acusações, interrupções e a saída abrupta dos parlamentares após críticas à gestão econômica do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Durante a audiência, Ferreira e Jordy criticaram o que chamaram de “gastança” do governo Lula, alegando que a alta carga tributária imposta pelo Executivo não tem evitado os déficits nas contas públicas. Em resposta, Haddad reprovou a postura dos deputados, que deixaram o plenário após as perguntas, classificando a atitude como “molecagem”.

“Agora aparecem dois deputados, fazem as perguntas e correm do debate. Nikolas sumiu, [perguntou] só para aparecer. Pessoas falaram, agora tenha maturidade. E corre daqui, não quer ouvir explicação, quer ficar com o argumento dele. Não quer dar chance de o diálogo fazer ele mudar de ideia”, disparou o ministro.

Pouco depois, Jordy retornou ao plenário e exigiu direito de resposta, acusando Haddad de despreparo para o cargo e de ser o responsável pelo que chamou de “o maior déficit da história do Brasil”. Em tom agressivo, rebateu o comentário do ministro:

“Moleque é você, ministro, por ter aceitado um cargo dessa magnitude e só ter feito dois meses de [faculdade] economia. Moleque é você por ter feito nosso país ter o maior déficit da história. Governo Lula é pior do que uma pandemia.”

Apesar das tentativas do presidente da sessão, deputado Rogério Correia (PT-MG), de restaurar a ordem, os ânimos permaneceram exaltados, levando ao encerramento antecipado da audiência antes que todos os parlamentares pudessem se manifestar.

Haddad critica superávit da gestão Bolsonaro

Além das discussões acaloradas, Haddad também rebateu comparações feitas pelos deputados sobre o desempenho fiscal da gestão Bolsonaro. Segundo ele, o superávit de R$ 54 bilhões registrado no último ano do ex-presidente foi “artificial” e fruto de medidas controversas, como:

  • Redução forçada do ICMS dos combustíveis, que impactou financeiramente os estados.
  • Calote em precatórios, adiando pagamentos de dívidas judiciais.
  • Venda da Eletrobras por valor abaixo do mercado, medida que o ministro classificou como “barbeiragem”.
  • Distribuição de dividendos da Petrobras, que teria prejudicado a empresa em longo prazo.

“Dando calote, torrando patrimônio público e tomando dinheiro de governador. Assim qualquer um faz superávit”, afirmou Haddad, defendendo que seu trabalho no Ministério da Fazenda é de reestruturação financeira após os desequilíbrios deixados pelo governo anterior.

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