Masp é investigado por vender cavaletes tombados de Lina Bo Bardi sem aviso ao Iphan

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Masp inaugura anexo nesta sexta (28). — Foto: Fábio Tito/ g1

O Museu de Arte de São Paulo (Masp) está sendo investigado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) por comercializar 20 cavaletes projetados pela arquiteta Lina Bo Bardi sem comunicar previamente o órgão federal responsável pela preservação do patrimônio.

Os cavaletes de concreto e cristal, que fazem parte do conjunto museográfico tombado em 2008, estão sendo vendidos por R$ 75 mil cada. O Masp afirma que cinco peças ainda estão disponíveis para compra.

Imagem de réplicas dos cavaletes originais de Lina Bo Bardi de 2015. — Foto: Metro Arquitetos

Investigação do Iphan e possível irregularidade

Embora a venda de itens tombados não seja proibida, ela precisa ser comunicada ao Iphan, algo que não ocorreu. Por isso, o órgão abriu um processo administrativo no dia 5 de junho para avaliar a situação dos cavaletes e verificar se há irregularidade na comercialização.

Em nota oficial, o Iphan esclareceu que não autorizou a saída dos cavaletes do Brasil e reforçou que não foi informado sobre a venda das peças originais de Lina Bo Bardi.

Venda no exterior e justificativa do Masp

Segundo apuração do jornal Folha de S.Paulo, um dos cavaletes foi vendido a um colecionador estrangeiro na feira de arte Art Basel Miami Beach, nos Estados Unidos, por cerca de US$ 60 mil.

O Masp justificou a comercialização afirmando que os cavaletes não atendiam mais aos critérios museológicos atuais para a preservação de obras de arte. Em 2015, uma nova geração de cavaletes foi desenvolvida, preservando o conceito expositivo de Lina Bo Bardi, mas adaptada a padrões contemporâneos.

Ainda segundo o museu, a venda dos cavaletes aposentados começou em 2022, como uma estratégia para levantar recursos durante a pandemia e manter a programação cultural do Masp.

Divergência sobre o tombamento das peças

O Masp argumenta que o tombamento feito pelo Iphan não incide sobre os cavaletes individuais, mas sim sobre o conjunto museográfico concebido por Lina Bo Bardi. Esse entendimento foi ratificado pela equipe jurídica do museu, que sustenta que a venda respeita as normas de preservação do patrimônio.

O Iphan, no entanto, pode determinar novas medidas caso a investigação confirme que houve violação do tombamento ou falta de autorização para comercialização.

O caso segue em análise, e o resultado da apuração pode gerar consequências para o Masp e para a preservação do legado de Lina Bo Bardi, uma das maiores referências da arquitetura brasileira.

Fonte: Redação

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