Transplante duplo devolve mãos e independência a homem após 17 anos

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Olena Domanytska/GettyImages

Luka Krizanac, que perdeu as mãos e parte das pernas aos 12 anos devido a uma infecção grave, acaba de dar um novo rumo à sua vida após um transplante duplo de mãos realizado no Penn Medicine, na Filadélfia (EUA). O procedimento, raro e complexo, devolveu ao jovem algo que ele considerava mais valioso do que a capacidade de andar: a autonomia para realizar atividades simples do cotidiano.

Embora próteses modernas tenham permitido que Krizanac se locomovesse sem grandes dificuldades, a falta das mãos representou um obstáculo constante em sua vida.

“Com as pernas, você anda. Com as mãos, você faz milhares de coisas — come, cozinha, se expressa. Uma prótese robótica de plástico nunca substituiu o que eu realmente precisava”, relatou.

A dependência de terceiros para tarefas básicas o motivou a buscar alternativas durante anos, enfrentando barreiras como falta de especialistas, custos elevados e até a pandemia de Covid-19, que adiou seu tratamento.

Em 2018, Krizanac finalmente encontrou o Dr. L. Scott Levin, especialista em transplantes de mãos, que o considerou um candidato ideal para o procedimento. Após anos de preparação, incluindo a cura de feridas e a espera por um doador compatível, ele recebeu a notícia que aguardava: em 2024, um par de mãos com características semelhantes às suas estava disponível.

A cirurgia, que durou 12 horas e envolveu mais de 20 médicos, foi um sucesso. Ao acordar da anestesia, Krizanac olhou para suas novas mãos e emocionou a equipe ao dizer: Veja como elas são lindas!”

A regeneração dos nervos tem surpreendido os médicos. Em pouco tempo, Krizanac já consegue sentir temperaturas e movimentar os dedos. Um dos momentos mais marcantes foi quando ele reagiu instintivamente ao tocar em água fria: “Puxei a mão de volta e pensei: ‘Estou sentindo de novo!'”

Agora, ele se dedica à fisioterapia intensiva e ao uso de medicamentos antirrejeição, com o objetivo de, em breve, realizar tarefas mais complexas, como dirigir.

Procedimentos como o de Krizanac ainda são raros e enfrentam desafios, como a falta de financiamento e a resistência de planos de saúde em cobrir os custos. O Dr. Levin alerta: “Se esse campo for prejudicado por falta de apoio, será um crime contra pacientes que poderiam recuperar sua qualidade de vida.”

Para Krizanac, no entanto, o futuro nunca pareceu tão promissor. “No fundo, só quero ser uma pessoa comum. E agora, finalmente posso”, comemora.

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