Kraft Heinz eliminará corantes artificiais de seus produtos nos EUA até 2027

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REUTERS/Brendan McDermid
REUTERS/Brendan McDermid

O gigante do setor alimentício Kraft Heinz eliminará todos os corantes artificiais de suas marcas, enquanto os corantes sintéticos em alimentos enfrentam renovado escrutínio dos consumidores e do Secretário Robert F. Kennedy Jr., do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA.

A fabricante do Kraft Mac & Cheese, ketchup Heinz, Jell-O, Capri-Sun e outras marcas anunciou nesta terça-feira (17) que removerá os corantes sintéticos de todos os seus alimentos vendidos nos Estados Unidos até o final de 2027.

A empresa também informou que não lançará novos produtos com corantes artificiais nos EUA.

“A grande maioria de nossos produtos utiliza corantes naturais ou nenhum corante, e temos trabalhado para reduzir o uso de corantes (artificiais) no restante de nosso portfólio”, disse Pedro Navio, presidente da Kraft Heinz América do Norte, em um comunicado à imprensa.

A empresa removeu os corantes artificiais do Kraft Mac & Cheese em 2016.

A Kraft Heinz é uma das primeiras empresas norte-americanas de alimentos embalados a se comprometer com a remoção de corantes artificiais de suas marcas. A medida pode pressionar os concorrentes a acelerar os esforços para eliminar gradualmente a coloração artificial.

Atualmente, a Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA) permite o uso de diversos corantes sintéticos à base de petróleo em alimentos. Eles são frequentemente utilizados para tornar alimentos e bebidas mais coloridos e atraentes para os consumidores, especialmente crianças.

No entanto, esses aditivos, sobre os quais governos e organizações sem fins lucrativos há muito expressam preocupações, estão enfrentando novo escrutínio do governo americano devido aos potenciais efeitos negativos na saúde animal e humana — incluindo um possível aumento no risco de câncer e problemas neurocomportamentais em algumas crianças.

A FDA proibiu o uso do corante vermelho nº 3 em alimentos, bebidas e medicamentos ingeridos em janeiro.

Em abril, a agência anunciou planos para trabalhar com a indústria para eliminar gradualmente os corantes sintéticos à base de petróleo do fornecimento de alimentos dos EUA nos próximos anos. Kennedy, na ocasião, chamou os corantes de “compostos venenosos”.

A Kraft Heinz provavelmente está tentando se antecipar às proibições estaduais e federais sobre corantes artificiais em alimentos.

Califórnia, Virgínia e Virgínia Ocidental já proibiram corantes artificiais, e mais da metade dos estados americanos, liderados tanto por democratas quanto por republicanos, estão buscando proibir corantes e alguns outros aditivos dos alimentos, segundo o Environmental Working Group, uma organização sem fins lucrativos de saúde ambiental.

A empresa também está enfrentando pressão direta de Kennedy, que teria se reunido com executivos da Kraft Heinz, General Mills e outras empresas de alimentos para pedir que removessem os corantes artificiais antes do fim de seu mandato.

Kennedy “deixou clara sua intenção de tomar medidas, a menos que a indústria esteja disposta a ser proativa com soluções”, de acordo com um e-mail visto pela Bloomberg.

A decisão da Kraft Heinz ocorre em um momento em que a empresa luta para acompanhar os gostos dos consumidores e considera uma grande reformulação em seus negócios.

Muitas das marcas da Kraft Heinz, como Lunchables e Capri-Sun, perderam a preferência dos consumidores que buscam opções mais saudáveis. As vendas da Kraft Heinz caíram 6,4% no último trimestre.

No mês passado, a empresa disse que estava avaliando mudanças estratégicas e possíveis transações.

A Kraft Heinz informou que dois diretores representando a Berkshire Hathaway deixarão seu conselho, significando que a empresa de Warren Buffett não terá mais assentos. A Berkshire ajudou a arquitetar a fusão de 2015 entre a Kraft Foods e a HJ Heinz que criou a empresa.

Nos últimos anos, a Kraft Heinz vendeu a Planters e seu negócio de queijos naturais nos EUA para simplificar suas operações. Analistas acreditam que o último anúncio é um sinal de que a empresa pode se desfazer de outras marcas ou buscar uma fusão com um concorrente.

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