Mudanças climáticas ameaçam lagarto que inspirou princípio do Ozempic

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Monstro-de-gila — Foto: Unsplash

O monstro-de-gila (Heloderma suspectum), lagarto nativo das regiões áridas do sul dos EUA e norte do México, está na mira de cientistas e conservacionistas: apesar de viver em desertos, a espécie depende de ambientes mais amenos e sombreados, o que a torna especialmente vulnerável ao aquecimento global. Esse animal singular é mais conhecido por ter fornecido a base molecular do medicamento semaglutida, princípio ativo de fármacos como o Ozempic.

Pesquisadores da Universidade de Nevada criaram modelos preditivos de habitat com base em registros de campo e projeções de mudança climática. Os resultados mostram que, em cenários com altas emissões de gases do efeito estufa, o monstro-de-gila poderá perder até dois terços de seu território natural até 2082. O modelo considera a elevação da temperatura, a distribuição de sombra e a disponibilidade de microrefúgios — fundamentais para a sobrevivência da espécie, que caça à noite e passa o dia escondida em tocas.

Embora algumas regiões montanhosas possam se tornar mais propícias com o aquecimento, os cientistas alertam: os lagartos têm baixa capacidade de dispersão, o que dificulta sua migração para ambientes mais favoráveis. E, mesmo que cheguem a esses novos nichos, não há garantia de que encontrarão recursos alimentares adequados, tornando a transição ambiental ainda mais arriscada.

Mais de 90% das áreas atuais e futuras do habitat do monstro-de-gila estão localizadas em terras públicas com proteção federal, estadual ou municipal. No entanto, pressões políticas recentes nos EUA têm flexibilizado normas ambientais, ameaçando esse escudo jurídico. A continuidade da proteção desses territórios pode ser decisiva para garantir a presença do animal em longo prazo — e, com ele, a manutenção de potenciais contribuições médicas ainda não descobertas.

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