Brasil volta ao topo dos juros reais com Selic a 15%

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Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

O Brasil retomou o posto de um dos países com juros reais mais altos do planeta, após o Comitê de Política Monetária (Copom) elevar a taxa Selic para 15%. Com a mudança, a taxa de juros real — que desconta a inflação esperada — saltou para 9,53%, colocando o país atrás apenas da Turquia no ranking mundial.

O levantamento, realizado pelo portal financeiro MoneYou, analisou dados de 40 países de diversos continentes. No topo, a Turquia aparece com 14,44% de juros reais, seguida pelo Brasil. A lista considera as projeções de inflação futura em 12 meses e os juros estimados para o mesmo período — o que realmente impacta investimentos, decisões de consumo e o custo do crédito.

A taxa nominal, como a Selic, representa o valor bruto do juro. Mas é o juro real — ou seja, o ganho acima da inflação — que define se manter dinheiro aplicado vale a pena. No caso brasileiro, a inflação projetada para os próximos 12 meses é de 4,72%, segundo o Boletim Focus do Banco Central. Subtraindo essa projeção da Selic de 15%, chega-se à taxa real de 9,53%.

Com essa combinação, o Brasil volta a atrair investidores estrangeiros pela promessa de retornos elevados, o que ajuda a controlar o câmbio. Por outro lado, o custo do crédito segue como um dos entraves para o consumo e a retomada da economia, prejudicando especialmente os mais pobres e o setor produtivo.

Empresas e consumidores já sentem o impacto da elevação da Selic. Juros elevados freiam investimentos produtivos e encarecem o acesso a capital, enquanto pressionam o endividamento das famílias. Para analistas, o movimento sinaliza uma postura mais conservadora do Banco Central, mesmo em um contexto de inflação desacelerando.

Na prática, essa estratégia indica que o BC ainda vê riscos no horizonte — como tensões externas, instabilidade fiscal e volatilidade do petróleo — e prefere manter o freio puxado.

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