Bernie Sanders condena Netanyahu e diz que EUA não devem se envolver em guerra contra o Irã

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Bernie Sanders (Foto: Reprodução)
Bernie Sanders (Foto: Reprodução)

O senador norte-americano Bernie Sanders criticou duramente o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu e alertou para o envolvimento dos Estados Unidos em um possível novo conflito armado. “Netanyahu não é o presidente dos Estados Unidos. Ele não deveria determinar a política externa e militar dos EUA”, escreveu Sanders em sua conta na rede X (antigo Twitter), nesta quarta-feira (18). “Se o povo de Israel apoiar sua decisão de iniciar uma guerra com o Irã, isso é problema deles e a guerra é deles. Os Estados Unidos não devem fazer parte disso.”

A declaração do senador democrata ocorre em meio à escalada da tensão entre Israel e Irã, que tem desviado a atenção internacional da crise humanitária em curso na Faixa de Gaza. Segundo informações da agência Reuters, ao menos 140 pessoas foram mortas por ataques israelenses no território palestino apenas nas últimas 24 horas. Médicos relataram que bombardeios atingiram casas em áreas densamente povoadas como o campo de refugiados de Maghazi, o bairro de Zeitoun e a Cidade de Gaza, resultando em dezenas de mortes.

A violência israelense também atingiu civis que aguardavam ajuda humanitária. Segundo profissionais de saúde, ao menos 14 palestinos foram mortos quando aguardavam caminhões de auxílio das Nações Unidas na estrada Salahuddin, no centro da Faixa de Gaza. Questionadas sobre o episódio, as Forças de Defesa de Israel alegaram que indivíduos se aproximaram de suas tropas de forma ameaçadora e que foram disparados tiros de advertência. As autoridades israelenses afirmam que continuam operando para “desmantelar as capacidades militares do Hamas” e que tomam “precauções viáveis para mitigar os danos civis”.

Ainda assim, o Ministério da Saúde de Gaza contabiliza 397 mortos e mais de 3 mil feridos entre pessoas que tentavam acessar alimentos desde o final de maio, quando Israel passou a permitir parcialmente a entrada de ajuda. O Programa Mundial de Alimentos da ONU reforçou o alerta, dizendo que a distribuição recente de 9 mil toneladas de alimentos representa apenas “uma pequena fração” do necessário e denunciou: “qualquer violência que resulte em pessoas famintas sendo mortas ou feridas enquanto buscam assistência para salvar suas vidas é completamente inaceitável”.

Moradores da Faixa de Gaza têm expressado frustração com o que veem como um apagamento de sua tragédia diante da escalada da guerra entre Israel e Irã. “Pessoas estão sendo massacradas em Gaza, dia e noite, mas a atenção se voltou para a guerra Irã-Israel. Há poucas notícias sobre Gaza ultimamente”, afirmou Adel, morador da Cidade de Gaza, à Reuters. Outro palestino, Shaban Abed, de 47 anos, pai de cinco filhos, lamentou: “Talvez estejamos felizes em ver Israel sofrer com os foguetes iranianos, mas, no final das contas, mais um dia nesta guerra custa a vida de dezenas de pessoas inocentes. Estamos sendo esquecidos.”

Desde o início da guerra em outubro de 2023, após o ataque do Hamas que matou 1.200 pessoas em Israel, o contra-ataque israelense deixou mais de 55 mil palestinos mortos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, e provocou uma catástrofe humanitária com deslocamentos em massa e fome extrema. A ONU e organizações humanitárias têm denunciado o colapso do sistema de ajuda, agora parcialmente transferido para a chamada Fundação Humanitária de Gaza — iniciativa apoiada por Israel e pelos EUA, criticada por Philippe Lazzarini, chefe da UNRWA: “Uma vergonha e uma mancha em nossa consciência coletiva”, escreveu ele no X.

Enquanto Israel redireciona seu foco militar para o Irã, os apelos por uma solução para Gaza se acumulam, mas sem resposta internacional clara. Para Sanders, qualquer desdobramento bélico não pode ter a chancela dos Estados Unidos: “A guerra é deles. Os Estados Unidos não devem fazer parte disso.”

Fonte: Redação

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