Durante entrevista ao podcast Mano a Mano, apresentada por Mano Brown, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez críticas contundentes à atuação da polícia nas periferias brasileiras e defendeu com firmeza o uso de câmeras corporais nas ações de segurança. Para o presidente, o equipamento tem o papel essencial de frear abordagens violentas, discriminatórias e muitas vezes letais, especialmente contra moradores de bairros pobres e pessoas negras.
“O policial precisa saber que está sendo vigiado. A câmera não é para punir, é para garantir que ele cumpra seu dever com respeito”, declarou Lula. Ele destacou que, em bairros ricos, o tratamento dado é mais brando e dialogado, enquanto nas periferias, a polícia “chega atirando”.
Lula classificou como urgente a reconstrução da relação entre polícia e população periférica, hoje marcada por desconfiança e medo. “Deus queira que um dia o povo veja a polícia como segurança, não como inimiga”, disse. Segundo ele, há uma atuação historicamente enviesada, em que a cor da pele e o CEP determinam o tipo de abordagem. A presença das câmeras corporais, nesse cenário, deve funcionar como ferramenta de transparência e de freio aos abusos — evitando perseguições raciais ou territoriais.
O presidente também falou sobre a PEC da Segurança Pública, proposta do governo que visa integrar os bancos de dados das polícias em todas as esferas e fortalecer a cooperação com o Ministério da Justiça. O projeto é apresentado como um passo para melhorar a gestão da segurança de forma técnica, sem deixar espaço para arbitrariedades.
A entrevista ainda abordou o controle de armas, outro pilar do governo Lula. Ele voltou a criticar a política armamentista da gestão anterior, afirmando que seu governo atua para recolher e controlar armas adquiridas de forma facilitada. Lula reforçou que a violência urbana se combate com educação, cultura e dignidade, e não com o incentivo ao armamento da população.