Com boné “MIGA”, Trump sugere troca do governo do Irã

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Boné com o slogan de Trump — Foto: Eduardo Munoz/Reuters

Em meio à escalada militar entre Estados Unidos, Israel e Irã, o presidente norte-americano Donald Trump voltou a incendiar o cenário diplomático ao sugerir, neste domingo (22), uma “mudança de regime” em Teerã. Em publicação feita na plataforma Truth Social, Trump cunhou o slogan “MIGA” — Make Iran Great Again (“Tornar o Irã grande novamente”, em tradução livre), uma adaptação direta de seu conhecido lema de campanha, “MAGA”.

A fala ocorreu após os EUA confirmarem que bombardearam três instalações nucleares iranianas no sábado (21), em apoio explícito a Israel. A entrada militar americana na guerra, que teve início no último dia 13 com os ataques israelenses ao programa nuclear iraniano, provocou reações duras de líderes globais — e o uso do termo “mudança de regime” reacende temores de uma intervenção mais agressiva.

Apesar da provocação de Trump, integrantes de seu próprio governo negaram que a missão militar tenha como objetivo derrubar o atual regime iraniano. O secretário de Defesa, Pete Hegseth, afirmou em coletiva no Pentágono que o objetivo dos ataques foi apenas enfraquecer a capacidade nuclear do Irã: “Esta missão não era e não é sobre mudança de regime”, garantiu.

A tentativa de equilibrar o discurso político com a realidade diplomática expõe a tensão interna no governo dos EUA. Enquanto o presidente aposta em frases de efeito e provocações públicas, os setores militares e diplomáticos tentam preservar uma linha minimamente institucional.

Slogan vira símbolo de crise

Ao ironizar a situação com o boné “MIGA” — estampado em fotos oficiais — Trump desperta críticas não apenas no exterior, mas também entre aliados americanos. Especialistas alertam que usar a imagem de grandeza nacional como plataforma para desestabilizar regimes estrangeiros resgata estratégias adotadas na invasão do Iraque em 2003 — com consequências geopolíticas duradouras.

Além disso, os comentários recentes do presidente norte-americano indicam uma retórica cada vez mais pessoalizada. Em postagens anteriores, ele chegou a afirmar que sabia onde o líder iraniano Ali Khamenei estaria escondido e que não o mataria “por enquanto”.

Enquanto isso, a guerra no Oriente Médio se expande: o Irã prometeu resposta proporcional, o Parlamento aprovou o fechamento do Estreito de Ormuz, e países como Rússia, Brasil e os membros da União Europeia pedem contenção. No campo militar, o uso de bombas “destruidoras de bunkers” marca um novo nível de ameaça à estabilidade regional.

A fala de Trump, longe de ser apenas bravata eleitoral, coloca em perspectiva o poder que palavras têm — especialmente quando ditas por quem controla o arsenal nuclear mais poderoso do planeta.

Fonte: Redação

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