Catorze mísseis cruzaram o céu de Doha nesta segunda-feira (23), em resposta direta ao bombardeio norte-americano sobre instalações nucleares iranianas. Lançados pelo Irã contra a base militar de Al Udeid, no Catar — maior instalação dos Estados Unidos no Oriente Médio — os projéteis pouco avançaram: treze foram interceptados. O único que atingiu o solo caiu fora da zona militar.
Apesar do estrondo, não houve vítimas. E esse resultado não foi um acaso de precisão defensiva: Teerã avisou Washington e Doha com horas de antecedência sobre o ataque. Um movimento inusitado que evitou mortes e, ao mesmo tempo, sustentou o peso simbólico de uma resposta armada.
Nos bastidores, o gesto é interpretado como recado duplo. Ao anunciar sua fúria, o Irã também preservou as pontes que deseja manter. Ao disparar mísseis “com roteiro traçado”, sinalizou poder sem comprometer a negociação. Na guerra moderna, avisar virou tática — e não gentileza.
Donald Trump, presidente dos EUA, reagiu em seu estilo habitual. Chamou o ataque de “fraco”, mas agradeceu pela advertência. Em sua rede social, reforçou que não houve feridos entre americanos e catarianos e parabenizou o “mundo pela busca da paz”. Na mesma publicação, apelou a Israel para que atue com moderação.
Enquanto isso, outras bases militares norte-americanas no Iraque, Síria, Bahrein e Kuwait entraram em alerta máximo. Israel, envolvido diretamente na ofensiva que abriu a série de bombardeios há dez dias, permanece em silêncio público, enquanto segue suas operações aéreas em regiões estratégicas de Teerã.
A escalada controlada revela um equilíbrio instável: armas lançadas com a precisão de quem quer atingir, mas não matar. Em meio à tensão, diplomatas veem a resposta iraniana como um ato calculado — sem sangue, mas com ruído o suficiente para manter o tabuleiro em movimento.