Corte bilionário no seguro rural eleva tensão entre governo e setor agrícola

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Imagem: Divulgação

O governo federal determinou o bloqueio de R$ 445 milhões no orçamento do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), em uma medida que já reverbera de forma negativa entre lideranças do agronegócio. O valor representa praticamente metade dos recursos previstos para a política pública em 2025, num momento em que o setor enfrenta instabilidades climáticas e pressões por produtividade.

A decisão está inserida no esforço de cumprimento das metas fiscais do novo arcabouço econômico, que levou ao contingenciamento de verbas em várias pastas. No caso do PSR, o corte inclui R$ 354,6 milhões bloqueados imediatamente e mais R$ 90,5 milhões sob limitação de empenho. O impacto recai diretamente sobre produtores que dependem da subvenção estatal para contratar apólices com desconto.

A redução atinge, em especial, as contratações de cobertura para a próxima safra de verão — período de maior volume agrícola no país. Embora o governo diga trabalhar para recompor parte dos recursos, as lideranças rurais já demonstram insatisfação com o que classificam como “insegurança institucional”.

Desde maio, quando o Ministério da Fazenda anunciou um congelamento de R$ 31 bilhões no Orçamento da União, setores como infraestrutura, ciência e agricultura têm sofrido impactos diretos. No agronegócio, o seguro rural é visto como ferramenta estratégica de proteção de renda em caso de perdas por seca, granizo ou variações abruptas de mercado.

O governo já autorizou a liberação parcial de R$ 540 milhões até agosto, destinados principalmente às culturas de inverno — com ênfase no trigo e no milho safrinha — e aportes menores para frutas, florestas, pecuária e outros segmentos. Ainda assim, representantes do setor temem que a incerteza fiscal afaste produtores da contratação de apólices, deixando áreas produtivas mais expostas ao risco climático.

Apesar das sinalizações do Ministério da Agricultura sobre uma possível reversão, o episódio acentua o ruído na relação com o agro, setor que representa aproximadamente um quarto do PIB brasileiro e tem influência política expressiva. O PSR, criado para reduzir a vulnerabilidade de pequenos e médios produtores, virou agora um ponto de atrito em um cenário de restrições orçamentárias generalizadas.

Fonte: Redação

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