O deputado estadual Zohran Mamdani, de 33 anos, surpreendeu ao vencer com folga as primárias democratas para a prefeitura de Nova York, superando o ex-governador Andrew Cuomo em uma disputa marcada por fortes contrastes geracionais e ideológicos.
Autodeclarado socialista democrata, Mamdani conquistou 43,5% dos votos, contra 36,4% de Cuomo, com 95% das urnas apuradas, segundo o Conselho Eleitoral da cidade. Embora o sistema de votação ranqueada ainda exija a conclusão da contagem, o resultado já é considerado praticamente irreversível, especialmente após o apoio do terceiro colocado, Brad Lander, que orientou seus eleitores a classificarem Mamdani como segunda opção.
Em pronunciamento após a votação, Cuomo, de 67 anos, reconheceu a derrota: “Esta noite é a noite dele”, afirmou, revelando que já havia telefonado para parabenizar o adversário.
Durante discurso transmitido pela ABC7, Mamdani celebrou a vitória: “Hoje, com a visão de uma cidade que todo nova-iorquino pode pagar, nós vencemos”. Ele prometeu enfrentar as políticas do presidente Donald Trump e transformar Nova York em um modelo para o Partido Democrata.
Choque de gerações e visões no Partido Democrata
A disputa entre Mamdani e Cuomo foi vista como um termômetro para o futuro do Partido Democrata, em meio ao segundo mandato do presidente republicano Donald Trump. Cuomo, com perfil centrista e apoio de figuras como Bill Clinton e Michael Bloomberg, tentou se reposicionar após renunciar ao governo em 2021, em meio a acusações de assédio sexual — que ele nega.
Já Mamdani, nascido em Uganda, de ascendência indiana e morador do Queens, representa a ala progressista do partido. Caso vença as eleições de novembro, será o primeiro prefeito muçulmano da maior cidade dos Estados Unidos. Sua plataforma inclui propostas como congelamento de aluguéis, transporte público gratuito e mercados municipais, financiados por impostos sobre os mais ricos.
Apoiado por nomes como Bernie Sanders e Alexandria Ocasio-Cortez, Mamdani também é conhecido por seu ativismo pró-Palestina e por defender uma ruptura com práticas políticas tradicionais. “Não vou votar em um homem que é acusado de forma crível de molestar mulheres”, disse Leah Johanson, de 39 anos, justificando sua escolha por Mamdani.