O governo central — que inclui Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social — registrou déficit primário de R$ 40,6 bilhões em maio de 2025. Embora menor que o rombo de R$ 60,4 bilhões do mesmo mês do ano passado, o resultado acendeu alerta na equipe econômica diante da meta fiscal zero prevista para este ano.
O número foi influenciado por um leve aumento nas receitas e uma queda relevante nas despesas. A arrecadação líquida avançou 2,8%, puxada especialmente pelo crescimento no Imposto de Renda Retido na Fonte. Já os gastos caíram 7,6%, com destaque para a redução em créditos extraordinários, benefícios previdenciários e despesas sujeitas à programação financeira.
Mesmo com o déficit expressivo de maio, o acumulado do ano apresenta superávit de R$ 32,2 bilhões — desempenho superior ao mesmo período de 2024, quando o saldo estava negativo em R$ 28,7 bilhões. A margem de tolerância para o resultado fiscal em 2025 é de 0,25% do PIB, o que representa cerca de R$ 30 bilhões.
A tendência para os próximos meses é de maior pressão sobre os cofres públicos, com aumento de despesas obrigatórias, transferências a estados e liberação de emendas parlamentares. O cenário coloca em xeque a viabilidade da âncora fiscal proposta pelo governo e amplia a disputa política em torno da recomposição de receitas.