Montadoras chinesas apostam na África para expandir mercado de veículos elétricos e híbridos

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(Foto: REUTERS/Siphiwe Sibeko)
(Foto: REUTERS/Siphiwe Sibeko)

Diante de barreiras comerciais impostas pelos Estados Unidos e pela União Europeia, montadoras chinesas como BYD, Chery Auto e Great Wall Motor (GWM) estão voltando seus esforços para o continente africano, com foco na expansão de veículos elétricos e híbridos.

Apesar dos desafios históricos — como baixa renda, altas tarifas de importação, infraestrutura precária e fornecimento de energia instável — as empresas enxergam na África um mercado com enorme potencial de crescimento. A estratégia tem como ponto de partida a África do Sul, considerada a “porta de entrada” para o continente, segundo Tony Liu, CEO da Chery África do Sul.

Nos últimos 12 meses, metade das 14 marcas chinesas presentes no país foi lançada. Outras, como DongFeng, Leapmotor e Changan, devem estrear em breve. Além disso, empresas mais consolidadas estudam produzir localmente para aproveitar incentivos fiscais oferecidos pelo governo sul-africano.

A Chery, por exemplo, avalia construir uma fábrica própria ou firmar parcerias para abastecer o mercado local e exportar para o restante da África e até para a Europa. A marca premium Omoda & Jaecoo também conduz estudos de viabilidade para montagem local.

Obstáculos nos mercados tradicionais e aposta africana

Com a desaceleração das vendas de elétricos em países ricos e tarifas de até 100% nos EUA e na UE, a competitividade das montadoras chinesas foi afetada. Tentativas de entrada em mercados como Índia e Brasil também enfrentam entraves.

Na África, porém, o cenário é promissor. A produção de veículos na África do Sul pode saltar de 600 mil para 1,5 milhão até 2035, segundo estimativas oficiais. A Associação de Fabricantes Automotivos Africanos projeta um mercado potencial de até 4 milhões de carros novos por ano na África Subsaariana.

Híbridos ganham protagonismo

Diante da infraestrutura limitada para carregamento, os híbridos plug-in têm se mostrado a aposta mais viável. A Chery lançou oito modelos híbridos na África do Sul e planeja trazer sua linha elétrica iCar e a marca Lepas. A BYD, maior fabricante de elétricos da China, dobrou sua oferta no país, incluindo picapes e SUVs híbridos e elétricos.

As vendas de veículos de nova energia — que incluem híbridos e elétricos — mais que dobraram no último ano, embora ainda representem apenas 3% do total. Mesmo assim, executivos como Steve Chang, da BYD, veem a África como uma oportunidade de “salto direto” para a mobilidade sustentável.

Desafios e diferenciais

As montadoras chinesas ainda enfrentam desconfiança quanto à qualidade, peças de reposição e valor de revenda. Para superar isso, apostam em preços acessíveis (abaixo de US$ 22.500) e tecnologia embarcada.

A Omoda & Jaecoo já opera 52 concessionárias em quatro países e planeja triplicar as vendas em 18 meses, expandindo para Zâmbia e Tanzânia. A BYD também mira novos mercados na África Oriental, Meridional e Ocidental.

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