Alemanha negocia compra de Patriot para a Ucrânia após recuo dos EUA

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Foto: REUTERS/Valentyn Ogirenko
Foto: REUTERS/Valentyn Ogirenko

Telefonema de Merz a Trump e negociações intensas

O chanceler alemão Friedrich Merz ligou para o presidente americano Donald Trump na quinta-feira para defender a aquisição de sistemas de defesa aérea Patriot destinados à Ucrânia, após o Pentágono suspender parte dos envios por falta de estoque. A iniciativa, confirmada em coletiva por porta-voz de Berlim, visa ajudar Kiev a enfrentar os ataques russos mais pesados desde 2022. Merz detalhou que há várias maneiras de preencher essa lacuna de defesa e que negociações intensas estão em curso com Washington.

Suspensão de envios dos EUA e proposta de aquisições

Nesta semana, fontes informaram que os EUA interromperam remessas de 30 mísseis Patriot devido a estoques baixos, o que deixou a Ucrânia vulnerável às ofensivas aéreas. A Alemanha estuda comprar diretamente baterias de mísseis Patriot nos EUA e reencaminhá-las a Kiev, agilizando a entrega e contornando prazos industriais longos.

Iniciativas do ministro da Defesa e grupo Ramstein

Berlim já enviou três sistemas Patriot de seus próprios estoques para a Ucrânia e, em junho, o ministro Boris Pistorius lançou uma iniciativa no âmbito do grupo Ramstein (cerca de 50 países) para rastrear unidades adicionais. Esse esforço busca mapear suprimentos disponíveis em exércitos aliados e acelerar repasses de defesa aérea a Kiev.

Viagem de Pistorius a Washington

Pistorius viajará ao fim deste mês a Washington para tratar diretamente com autoridades americanas sobre cronogramas de produção, liberação de sistemas Patriot excedentes e fortalecimento de capacidades de defesa antiaérea. Esses temas fazem parte da agenda bilateral e do esforço conjunto para manter o fluxo de mantimentos militares à Ucrânia.

Urgência ucraniana e diálogo de Zelenskiy

A Ucrânia, cada vez mais pressionada pelos ataques russos, também busca reforços. O presidente Volodymyr Zelenskiy conversou com Trump na sexta-feira sobre defesa aérea e produção conjunta, reforçando a coordenação entre Kiev e Washington para aumentar a capacidade de interceptação de mísseis balísticos e drones rus­sos.

Contexto dos ataques russos

Poucas horas após o telefonema de Trump com o russo Vladimir Putin, Rússia lançou o maior ataque de drones da guerra contra Kiev, ferindo ao menos 23 pessoas. A escalada de ataques torna a reposição urgente dos sistemas Patriot, essenciais à proteção de infraestruturas civis e militares ucranianas.

Papel da Alemanha e desafio europeu

Como segundo maior doador militar à Ucrânia depois dos EUA, a Alemanha busca assumir liderança na manutenção do apoio a Kiev, já que o governo Trump tem questionado seu compromisso. Apesar de aliados europeus poderem suprir parte da defesa ucraniana sem os EUA, analistas avaliam que isso traria enormes desafios logísticos e de recursos.

Investimentos e reforço de brigadas da OTAN

Desde o início do conflito, Berlim destinou €38 bilhões em ajuda militar à Ucrânia, incluindo fundos futuros. Além disso, relatório da Bloomberg indica que a Alemanha prepara encomenda de €25 bilhões em tanques para reforçar suas brigadas na OTAN, mostrando disposição em ampliar investimentos na defesa coletiva europeia.

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