Durante a 17ª Cúpula de Líderes do BRICS, realizada no Rio de Janeiro, os países membros do bloco anunciaram oficialmente nesta segunda-feira (7) a criação da Parceria para a Eliminação de Doenças Socialmente Determinadas (DSDs). A iniciativa visa combater doenças cuja incidência está diretamente ligada à pobreza, desigualdade e falta de acesso à saúde — problemas especialmente prevalentes no Sul Global.
Uma aliança para enfrentar as “doenças da pobreza”
A nova parceria reúne os 11 países do BRICS — Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos e Indonésia — além de nações parceiras como Malásia, Bolívia e Cuba. O objetivo é unir esforços para eliminar doenças negligenciadas por países ricos e, por isso, historicamente subfinanciadas em pesquisas globais.
Entre as doenças que devem integrar o escopo da parceria estão:
- Tuberculose
- Hanseníase
- Malária
- Dengue
- Doença de Chagas
- Cólera
- Hepatites virais
- HIV/Aids
Inovação, pesquisa e cooperação internacional
A parceria prevê:
- Promoção de pesquisa e desenvolvimento de vacinas, diagnósticos e tratamentos
- Uso de tecnologias como inteligência artificial e plataformas digitais interoperáveis
- Expansão do acesso à saúde em áreas remotas
- Melhoria das condições de saneamento, nutrição e habitação
- Fortalecimento da vigilância epidemiológica e da notificação de casos em tempo real.
Cinco objetivos centrais
A iniciativa está alinhada com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU e terá como metas principais:
- Reforçar sistemas de saúde resilientes, com foco em populações vulneráveis
- Atuar sobre os determinantes sociais da saúde, como moradia, educação e renda
- Expandir a colaboração em pesquisa e inovação, com transferência de tecnologia
- Mobilizar recursos financeiros, incluindo parcerias público-privadas e apoio de bancos multilaterais
- Alinhar posições em fóruns internacionais, como a OMS e a ONU
Liderança brasileira e inspiração no “Brasil Saudável”
A presidência brasileira do BRICS foi responsável por incluir o tema entre as oito prioridades da cúpula na área da saúde. A iniciativa foi inspirada no programa Brasil Saudável, lançado em 2024, que visa eliminar até 2030 doenças ligadas à exclusão social e ambiental.
O presidente Lula destacou a importância da ação:
“Hoje lançamos uma parceria para enfrentar as desigualdades que ainda decidem quem adoece e quem morre. Estamos liderando pelo exemplo, colocando a dignidade humana no centro das decisões”.
Financiamento e próximos passos
A parceria contará com apoio do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), além de recursos do Banco Mundial e de outras instituições financeiras multilaterais. Os primeiros passos incluem seminários técnicos, capacitações e reuniões com redes de pesquisa e agentes financeiros.