Durante coletiva de imprensa na 17ª Cúpula Anual do BRICS, realizada no Rio de Janeiro nesta segunda-feira (7), o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, fez duras críticas à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), acusando-a de agir de forma politizada em relação ao programa nuclear do Irã.
“Avaliações ambíguas” e momento sensível
Lavrov afirmou que a AIEA precisa “assumir responsabilidade” pelas avaliações recentes que divulgou sobre o Irã, especialmente por terem sido publicadas pouco antes dos ataques israelenses ao país. Segundo ele, os documentos mais recentes da agência da ONU são diferentes dos anteriores e “abertos a interpretações equivocadas”, o que teria gerado dúvidas injustificadas sobre o compromisso iraniano com suas obrigações internacionais.
“A agência deve evitar politizar a questão nuclear e aderir estritamente às responsabilidades que lhe foram atribuídas”, declarou o chanceler russo.
Contexto: guerra e ataques a instalações nucleares
As declarações de Lavrov ocorrem em meio à escalada de tensões no Oriente Médio. Em junho, Israel lançou uma ofensiva contra o Irã, alegando tratar-se de um “ataque preventivo” para impedir o avanço do programa nuclear iraniano. Os Estados Unidos também participaram da operação, bombardeando três instalações nucleares no país persa.
Em resposta, o Irã suspendeu a cooperação com a AIEA, alegando parcialidade e politização por parte da agência. A real extensão dos danos causados aos complexos nucleares iranianos ainda é incerta.
Rússia oferece apoio ao Irã
Durante o mesmo evento, Lavrov afirmou que a Rússia está disposta a ajudar o Irã a restaurar seu programa nuclear civil, oferecendo tecnologia e apoio técnico. Ele sugeriu que Moscou poderia receber o urânio enriquecido em excesso e devolvê-lo em forma adequada para geração de energia.
A crítica de Lavrov à AIEA reflete a crescente tensão entre potências globais sobre o papel das instituições multilaterais em crises geopolíticas. O tema deve continuar no centro dos debates diplomáticos, especialmente com o Irã cada vez mais isolado e o BRICS buscando ampliar sua influência no cenário internacional.