Durante a 17ª Cúpula dos BRICS, realizada no Rio de Janeiro, o ministro das Finanças da Rússia, Anton Siluanov, reforçou a importância da utilização de moedas nacionais nas transações comerciais entre os países do bloco como forma de reduzir a dependência de instituições financeiras ocidentais. Segundo ele, essa estratégia tem se mostrado eficaz diante das sanções impostas à Rússia desde o início da guerra na Ucrânia.
“Confiabilidade e independência”
Siluanov afirmou que a liquidação de transações em moedas locais tem se consolidado como uma alternativa segura e autônoma:
“A liquidação de transações em moedas nacionais provou sua confiabilidade e independência de instituições de crédito ocidentais que, a qualquer momento, como se viu, podem suspender os pagamentos”.
Rede de bancos e mecanismos alternativos
O ministro destacou que os países do BRICS estão construindo uma rede de bancos com ligações diretas, evitando o uso de sistemas financeiros controlados por países que impuseram sanções. Ele também propôs a criação de mecanismos de liquidação que não envolvam infraestrutura financeira ocidental, protegendo o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) de riscos externos.
🇷🇺🇨🇳 Comércio com a China como exemplo
Siluanov citou o comércio entre Rússia e China como um caso de sucesso: em 2023, o volume de negócios entre os dois países chegou a US$ 245 bilhões, com a maioria das transações realizadas em rublos e yuans.
Desdolarização e nova ordem econômica
A fala do ministro russo reforça o movimento crescente entre os países do Sul Global por uma nova ordem econômica internacional, mais equitativa e multipolar. A estratégia de desdolarização, segundo ele, não é apenas uma resposta política às sanções, mas também uma medida pragmática para reduzir riscos e ampliar a autonomia financeira dos países do BRICS.
A proposta russa se alinha à defesa feita por outros líderes do bloco, como o presidente Lula e Vladimir Putin, que também têm pressionado por reformas no sistema financeiro global e maior uso de moedas locais nas transações comerciais. Ainda que o tema enfrente resistência interna, especialmente da Índia, a tendência é que o debate sobre alternativas ao dólar continue ganhando força nas próximas cúpulas.