Durante coletiva de imprensa nesta terça-feira (8), ao lado do primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou duramente as declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que prometeu impor uma tarifa adicional de 10% sobre produtos importados de países membros do BRICS.
“Nós não aceitamos nenhuma reclamação quanto à reunião dos BRICS. Por isso, não concordamos quando o presidente dos Estados Unidos insinuou que vai taxar os países do BRICS”, afirmou Lula em Brasília.
🇺🇸 A ameaça de Trump
Mais cedo, Trump declarou em reunião com seu gabinete na Casa Branca que:
“Qualquer um que faça parte do BRICS terá uma cobrança de 10% em breve”.
Em publicação anterior na rede Truth Social, o republicano já havia sinalizado que qualquer país que se alinhar às “políticas antiamericanas” do BRICS também será alvo da tarifa, sem exceções. Ele não especificou quais seriam essas políticas, mas acusou o bloco de tentar “destruir o dólar” como moeda global.
Lula defende soberania e multilateralismo
Lula rebateu as ameaças com firmeza:
“Somos países soberanos. Não aceitamos intromissão de quem quer que seja nas nossas decisões. Defendemos o multilateralismo, que permitiu ao mundo alcançar harmonia — agora ameaçada pelo extremismo”.
O presidente brasileiro também afirmou que o BRICS “está incomodando” justamente por propor uma nova ordem global mais equilibrada e multipolar.
O BRICS hoje
O bloco, que realizou sua cúpula no Rio de Janeiro nesta semana, é formado por 11 países:
- Brasil
- Rússia
- Índia
- China
- África do Sul
- Arábia Saudita
- Egito
- Emirados Árabes Unidos
- Etiópia
- Indonésia
- Irã
Juntos, os países do BRICS representam um PIB combinado de US$ 24,7 trilhões, além de concentrarem grande parte da população e do território global.
As declarações de Trump e a resposta de Lula evidenciam o aumento das tensões comerciais e diplomáticas entre os EUA e o bloco emergente. A depender dos desdobramentos, o impasse pode ter impactos significativos no comércio internacional e nas relações geopolíticas nos próximos meses.