O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, reforçou nesta quarta-feira (9) que a autoridade monetária não irá flexibilizar o cumprimento da meta de inflação, estabelecida em 3% pelo Comitê Monetário Nacional (CMN). Em audiência na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, Galípolo foi enfático: “O Banco Central não vai se desviar um milímetro do seu mandato”.
Segundo ele, a margem de tolerância de 1,5 ponto percentual — que permite variações entre 1,5% e 4,5% — serve apenas para absorver choques inesperados, e não para justificar leniência na condução da política monetária.
Inflação fora da meta e nova carta ao Ministério da Fazenda
Com a inflação acumulada em 12 meses atingindo 5,32% até maio, o BC já ultrapassou o teto da meta por seis meses consecutivos. Galípolo confirmou que enviará uma segunda carta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explicando o descumprimento — como exige o protocolo legal do regime de metas.
Em janeiro, o presidente do BC já havia enviado uma primeira carta, após o IPCA fechar 2024 em 4,83%. A nova comunicação reforça o cenário de inflação persistente e disseminada, com cerca de 60% dos itens do índice acima do teto da meta.
Selic em 15% e possível fim do ciclo de alta
Na tentativa de conter a inflação, o Copom elevou a taxa Selic para 15% ao ano, o maior nível desde 2006. Galípolo indicou que, se os dados econômicos se confirmarem, o ciclo de alta pode ser encerrado na próxima reunião, marcada para 29 e 30 de julho.
Apesar das críticas à política de juros elevados, Galípolo defendeu que não há espaço para relativizar a meta de inflação, pois isso comprometeria a credibilidade da moeda e da política econômica brasileira