Pesquisa revela que México e Canadá veem os EUA como maior ameaça à sua segurança nacional

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Foto: Divulgação / Casa Branca
Foto: Divulgação / Casa Branca

Uma pesquisa global do Pew Research Center, divulgada nesta terça-feira (8), revelou um dado surpreendente: México e Canadá, dois dos principais aliados comerciais dos Estados Unidos, passaram a considerar Washington como a maior ameaça à sua segurança nacional. Os resultados chamam atenção em um momento de transição geopolítica, marcado pela ascensão de alianças como os Brics e seus parceiros estratégicos.

Segundo o levantamento, 68% dos mexicanos e 59% dos canadenses apontam os EUA como a principal ameaça — um salto expressivo em relação aos dados de 2019, quando os índices eram de 56% e 20%, respectivamente. Em contraste, apenas 37% dos mexicanos e 55% dos canadenses ainda veem os EUA como seu maior aliado.

Críticas crescentes à hegemonia americana

Apesar de integrarem o USMCA (Acordo Estados Unidos–México–Canadá), sucessor do Nafta, os dois países demonstram crescente insatisfação com o papel dominante dos EUA no bloco. Medidas unilaterais, tarifas comerciais agressivas e pressões diplomáticas — especialmente durante os mandatos de Donald Trump — contribuíram para o desgaste das relações bilaterais.

A retórica belicosa de Trump contra parceiros comerciais e sua postura frente ao Sul Global também têm alimentado o sentimento de desconfiança. No Canadá, por exemplo, o presidente norte-americano chegou a sugerir publicamente a anexação do país como o 51º estado americano, gerando protestos e boicotes internos.

Percepção global da ameaça americana

Além de México e Canadá, outros países também demonstram preocupação com a influência dos EUA:

  • Indonésia: 40% veem os EUA como ameaça
  • África do Sul: 35%
  • Espanha: 31%
  • Turquia: 30%
  • Brasil: 29%

Esses dados refletem um cansaço global com o unilateralismo norte-americano e uma busca crescente por alternativas à hegemonia ocidental. A recente cúpula do Brics no Rio de Janeiro reforçou esse movimento, com líderes reafirmando a soberania frente à influência dos EUA.

Um mundo em transição

O fato de os dois países mais integrados economicamente aos EUA enxergarem seu maior parceiro como ameaça escancara a erosão do chamado “consenso americano”. No México, já há discussões sobre diversificação de parcerias comerciais. No Canadá, setores da sociedade civil e da indústria defendem uma diplomacia mais autônoma, com foco em Europa e Ásia.

A pesquisa do Pew é mais um indicativo de que o mundo caminha para uma ordem internacional multipolar, baseada na cooperação multilateral e na autodeterminação dos povos, em contraposição à lógica de dominação unipolar que marcou o século XX.

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