O dólar comercial avançou para R$ 5,62 na manhã desta quinta-feira (10), após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmar a imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. Essa foi a maior alta diária da moeda desde maio, com valorização superior a 2% no mercado à vista.
A instabilidade foi agravada pela entrada do dólar futuro de agosto em leilão, atrasando as negociações e movimentando o câmbio próximo de R$ 5,65. O temor dos investidores se intensificou devido às incertezas sobre a extensão das tarifas e seu impacto sobre setores exportadores brasileiros, como petróleo, carnes, suco de frutas e minério de ferro.
Juros e inflação também pressionam mercado
A alta do dólar influenciou diretamente a curva de juros futuros, principalmente nos contratos de vencimentos mais curtos. A divulgação do IPCA de junho, com alta de 0,24%, embora abaixo dos 0,26% registrados em maio, impulsionou as projeções de inflação no curto prazo.
O índice acumulado nos últimos 12 meses chegou a 5,35%, dentro das estimativas de mercado (entre 5,25% e 5,37%). Analistas apontam que os preços do grupo Habitação, que avançaram de 0,30% para 0,38%, podem elevar o índice nos próximos levantamentos.
Reação internacional e medidas setoriais
A China criticou a politização do comércio pelos Estados Unidos, especialmente após o uso do argumento de “segurança nacional” para aplicar tarifas sobre o cobre. O Japão, por sua vez, anunciou a suspensão temporária das importações de frango, ovos e aves vivas provenientes do estado de Santa Catarina, após confirmação de gripe aviária em produção de subsistência no município de Meleiro.
No Brasil, entidades como Fiesp e Firjan divulgaram notas de “grande preocupação” com os efeitos da nova política comercial norte-americana. O Palácio do Planalto deve anunciar um conjunto de medidas diplomáticas e comerciais nos próximos dias, com foco em reduzir impactos e buscar diálogo direto com Washington.