Durante audiência na Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado, nesta terça-feira (15), o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) repudiou publicamente qualquer tentativa de interferência internacional no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. A fala foi motivada pelas declarações recentes do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que criticou o processo conduzido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e classificou a ação como “caça às bruxas”.
Embora Mourão afirme reconhecer a possibilidade de injustiça no processo contra Bolsonaro, ele defendeu que a questão deve ser resolvida internamente pelos brasileiros, sem participação de líderes estrangeiros.
“Da mesma forma que não aceito que Macron, Greta Thunberg ou Leonardo DiCaprio venham opinar sobre temas internos do Brasil, também não aceito que o Trump venha meter o bedelho num caso que é nosso”, declarou o senador.
A audiência no Senado debateu também a recente imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, anunciada por Trump como resposta ao julgamento de Bolsonaro. A medida deve entrar em vigor no dia 1º de agosto, atingindo todas as exportações do Brasil para os Estados Unidos, caso não haja acordo diplomático até a data.
Parlamentares discutem como o país deve reagir à retaliação comercial, enquanto líderes governistas e oposicionistas demonstram preocupação com os impactos econômicos.
Durante sua fala, Mourão reforçou a ideia de que, independentemente de alinhamentos ideológicos, questões jurídicas e institucionais devem ser resolvidas de acordo com as normas brasileiras.
Apesar de ser ex-vice de Bolsonaro, Mourão se posiciona de forma independente no Senado e tem buscado adotar discursos em defesa da autonomia nacional frente a pressões externas, tanto na área ambiental quanto política.