A Slovensky Plynarensky Priemysel (SPP), maior distribuidora de gás natural da Eslováquia, anunciou que pretende suprir 100% de sua demanda com gás russo a partir de 2025, segundo reportagem publicada pela agência Bloomberg. A decisão contraria as diretrizes da União Europeia, que busca cortar os laços energéticos com Moscou até 2027.
Segundo o diretor comercial da SPP, Michal Lalik, a escolha se baseia na viabilidade econômica:
“O gás russo é o mais econômico para nós, por isso o priorizamos.”
A empresa estima consumir cerca de 8 milhões de metros cúbicos por dia, quantidade que poderá ser fornecida integralmente pela Rússia.
Bruxelas endurece políticas energéticas
O plano RePowerEU, lançado pela UE, prevê a proibição de contratos spot com fornecedores russos já a partir de janeiro próximo. Também será vetada a celebração de novos acordos envolvendo gás por gasodutos e GNL (gás natural liquefeito). A medida visa reduzir a dependência do bloco europeu em relação à Rússia após os impactos da guerra na Ucrânia.
Resistência regional: Eslováquia e Hungria seguem outro rumo
A postura eslovaca se alinha à da Hungria, que também resiste às sanções energéticas propostas por Bruxelas. Ambos os países negociaram exceções temporárias, mantendo contratos de longo prazo com a estatal russa Gazprom. No caso da Eslováquia, o acordo é válido até 2034 e ocorre via o gasoduto TurkStream, que contorna a Ucrânia.
Curiosamente, especialistas apontam que as proibições europeias podem liberar capacidade nos gasodutos, favorecendo Eslováquia e Hungria na expansão de seus contratos com Moscou.
Fico critica UE e defende segurança energética nacional
O primeiro-ministro eslovaco, Robert Fico, tem sido crítico ferrenho das medidas do bloco. Na semana passada, chamou a proposta de Bruxelas de “imbecil”, alegando que ela coloca em risco a segurança energética do país e a estabilidade do mercado europeu. Após garantias de abastecimento oferecidas pela Comissão Europeia, Bratislava suspendeu o veto ao 18º pacote de sanções contra a Rússia.
Setores empresariais alertam para impacto econômico
Empresários eslovacos manifestam preocupação com os custos logísticos caso o fornecimento do TurkStream seja interrompido. Segundo Roman Karlubik, vice-presidente da Federação das Associações Patronais da Eslováquia:
“Disparidades de preços dentro do supostamente unificado mercado europeu de energia distorcerão a competição e enfraquecerão severamente a posição das empresas eslovacas.”