Exportadores do estado de Roraima denunciaram nesta sexta-feira (25) a aplicação de tarifas entre 15% e 77% pela Venezuela sobre produtos brasileiros. A cobrança começou de forma repentina, sem aviso prévio, e contraria o acordo bilateral firmado entre os dois países em 2012, que prevê isenção tarifária para diversas mercadorias.
As tarifas foram implementadas a partir da não aceitação de certificados de origem emitidos pelo Brasil. O governo venezuelano tem dificultado a validação documental, o que resulta na taxação automática das cargas exportadas. Especialistas indicam que não houve alteração formal no acordo comercial, mas sim uma barreira burocrática aplicada unilateralmente.
A relação diplomática entre Brasil e Venezuela se deteriorou desde 2024, após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não reconhecer a reeleição de Nicolás Maduro. A decisão gerou tensão política, afetando diretamente a dinâmica comercial entre os países.
A Venezuela é o principal parceiro comercial de Roraima, estado que faz fronteira com o país. Entre 2019 e 2023, o comércio bilateral movimentou US$ 937 milhões (equivalente a mais de R$ 5 bilhões). A taxação representa um risco para a economia regional, segundo representantes da indústria local.
A Federação das Indústrias de Roraima (Fier) informou que está em contato direto com autoridades brasileiras e venezuelanas para buscar uma solução. A entidade reafirmou que os certificados emitidos seguem as normas da Aladi (Associação Latino-Americana de Integração) e os termos estabelecidos no acordo comercial.