A imposição de uma tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras, anunciada pelo governo de Donald Trump, gerou forte repercussão internacional. Segundo a revista britânica The Economist, a medida representa uma das maiores interferências dos Estados Unidos em um país da América Latina desde o fim da Guerra Fria.
De acordo com análises publicadas, o gatilho para a ação americana foi a cúpula dos Brics realizada nos dias 6 e 7 de julho, no Rio de Janeiro. O evento teria intensificado tensões entre os governos de Trump e de Luiz Inácio Lula da Silva, considerados adversários ideológicos.
Além das tarifas, o governo dos Estados Unidos suspendeu os vistos de ministros do Supremo Tribunal Federal. A revista aponta que isso se relaciona com críticas de apoiadores de Trump à atuação do ministro Alexandre de Moraes nas investigações sobre desinformação no Brasil.
As medidas adotadas por Trump têm provocado mobilização política no Brasil. A reportagem indica que o Congresso brasileiro avalia a adoção de tarifas retaliatórias e que há aumento no apoio popular ao presidente Lula. A taxa de aprovação do presidente, antes em queda, teria apresentado melhora após o anúncio americano.
Produtos como carne, café e suco de laranja estão entre os principais alvos das tarifas impostas pelos EUA. Segundo a análise, as regiões afetadas coincidem com redutos eleitorais do ex-presidente Jair Bolsonaro. A Confederação de Agricultura criticou publicamente o caráter político das medidas, e até Bolsonaro procurou se distanciar das decisões americanas.
A reportagem destaca também o descontentamento com as críticas dos Estados Unidos ao sistema financeiro Pix, considerado um modelo de concorrência tecnológica no Brasil. Autoridades americanas teriam manifestado interesse em minerais estratégicos brasileiros, intensificando as preocupações sobre ingerência comercial.