No primeiro dia da missão oficial de senadores brasileiros aos Estados Unidos, uma percepção preocupante tomou forma: segundo a jornalista Maria Cristina Fernandes, do Valor Econômico, o presidente norte-americano Donald Trump estaria inclinado a adotar uma postura hostil frente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), buscando impor humilhações como estratégia para garantir vantagem nas negociações bilaterais.
Estratégia de poder simbólico
De acordo com relatos colhidos pela delegação brasileira, Trump estaria disposto a repetir com Lula a abordagem adotada contra o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky — exigindo concessões unilaterais e gestos simbólicos que reafirmem sua autoridade. A avaliação surgiu após reuniões com representantes da Câmara de Comércio Brasil-EUA, escritórios jurídicos com acesso à Casa Branca e empresários locais.
Tarifas como retaliação e ameaça à soberania
O cenário ganhou contornos mais severos com o anúncio de tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto. A medida coloca o Brasil em desvantagem frente à alíquota padrão de 15% a 20% oferecida a outros países, sendo interpretada por autoridades em Brasília como uma retaliação à aproximação estratégica com a China e ao avanço judicial contra Jair Bolsonaro (PL).
Segundo a comitiva, Trump encara os processos contra Bolsonaro como “perseguição” e estaria usando barreiras comerciais como forma de resposta pessoal. Alertas também foram feitos sobre o perfil inflexível do presidente americano, que desejaria sair como “vencedor” em qualquer negociação internacional.
Riscos econômicos e impacto nos setores produtivos
A iminência das novas tarifas preocupa diretamente setores como o aeroespacial e os exportadores de carnes, café e laranja — pilares do superávit comercial brasileiro. Mesmo com medidas compensatórias previstas, como crédito extraordinário, os impactos são considerados estruturais. A substituição do Brasil por países como México e Colômbia no mercado americano representaria perdas estratégicas de longo prazo.
Lula defende diálogo, mas rejeita imposições
Apesar das provocações, o presidente Lula mantém uma postura moderada. “Espero que o presidente dos EUA reflita a importância do Brasil e resolva fazer o que num mundo civilizado a gente faz: tem divergência? Senta numa mesa… e vamos resolver”, afirmou. Ainda assim, o governo brasileiro demonstra firmeza em resistir a exigências arbitrárias e preservar a soberania nacional.