O Ministério Público da Paraíba (MPPB) está investigando o influenciador digital Hytalo Santos por suposta concessão de benefícios a familiares de adolescentes que participavam de seus vídeos nas redes sociais. Segundo o promotor João Arlindo Côrrea, há indícios de que o influenciador oferecia celulares, pagamento de aluguel e mensalidades escolares como forma de facilitar a emancipação dos menores, permitindo que eles atuassem livremente em seus conteúdos digitais.
A investigação aponta que cerca de 17 adolescentes emancipados aparecem nos vídeos produzidos por Hytalo, muitos deles com temáticas de namoro, traição e danças com conotação sexual. O promotor esclareceu que, embora não haja confirmação direta de troca entre os benefícios e a emancipação, os depoimentos levantam suspeitas sobre a relação entre os presentes e a autorização dos pais para que os jovens participassem dos conteúdos.
Desde 2020, Hytalo Santos publica vídeos com adolescentes em situações consideradas inadequadas, como perguntas de cunho sexual e interações que simulam relacionamentos. O influenciador se refere aos jovens como “filhas” e “genros”, e os vídeos incluem cenas de danças sensuais e conversas sobre experiências íntimas. A conta de Hytalo no Instagram foi desativada após denúncias feitas pelo youtuber Felca, que acusou o influenciador de explorar menores para fins lucrativos.
Além dos vídeos, o MP, o Ministério Público do Trabalho e a Polícia Civil solicitaram à Loteria do Estado da Paraíba (Lotep) a suspensão da empresa de rifas administrada por Hytalo Santos. O pedido se baseia no uso indevido da imagem de adolescentes em campanhas promocionais, com prêmios que incluem celulares e automóveis. O perfil da empresa permanece ativo, com mais de 1,9 milhão de seguidores, embora não tenha atualizações recentes.
O Ministério Público também investiga a conduta dos pais dos adolescentes envolvidos, que podem ser responsabilizados por omissão na proteção dos filhos. A expectativa é que o relatório final da investigação seja concluído na próxima semana. Em paralelo, outro inquérito conduzido pela promotora Ana Maria França, no município de Bayeux, apura casos semelhantes de exposição de menores.