O governo dos Estados Unidos anunciou que o Reino Unido retirou sua exigência para que a Apple criasse uma “porta dos fundos” em seus sistemas de criptografia. A medida permitiria que autoridades britânicas acessassem dados de usuários, mesmo protegidos por criptografia de ponta a ponta. A decisão representa um avanço para a Apple e outras empresas de tecnologia que defendem a integridade da criptografia como ferramenta de proteção à privacidade.
A disputa entre Apple e autoridades britânicas teve início no começo do ano, quando o Reino Unido solicitou acesso ao serviço de nuvem criptografado da empresa. A Apple se opôs à proposta, alegando riscos à segurança dos usuários. A controvérsia remete a casos anteriores, como o episódio de 2016 em que o FBI tentou obrigar a Apple a desbloquear um iPhone envolvido em um atentado em San Bernardino, Califórnia.
Outras empresas também enfrentaram pressões semelhantes. A Meta, por exemplo, foi criticada pelo governo britânico ao anunciar planos de criptografar mensagens no Facebook Messenger, embora já oferecesse esse recurso no WhatsApp.
A decisão britânica pode influenciar discussões internacionais sobre criptografia. Governos e agências de segurança frequentemente argumentam que o acesso a dados criptografados é essencial para investigações criminais, incluindo casos de terrorismo e abuso infantil. Por outro lado, especialistas em cibersegurança alertam que qualquer “porta dos fundos” criada para uso governamental pode ser descoberta e explorada por hackers, comprometendo a segurança dos sistemas.
Nos Estados Unidos, autoridades de inteligência também expressaram preocupações sobre os riscos de permitir esse tipo de acesso. Com a mudança de posição do Reino Unido, a Apple poderá considerar o retorno do serviço Advanced Data Protection (ADP) ao mercado britânico, embora ainda não tenha confirmado essa decisão.