Durante discurso na Cúpula dos Países Amazônicos, realizada em Bogotá, Colômbia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que nações desenvolvidas têm utilizado o combate ao crime organizado como justificativa para interferir na soberania de países menos favorecidos. O evento reuniu representantes da sociedade civil e líderes da região para debater questões ambientais e geopolíticas.
Lula declarou que os países ricos, historicamente responsáveis por grande parte da poluição global, tentam impor modelos de preservação que não se aplicam à realidade amazônica. Segundo ele, o combate ao desmatamento tem sido usado como argumento para práticas protecionistas, enquanto o enfrentamento ao crime organizado serve de pretexto para ações que violam a autonomia dos países da região.
A fala do presidente brasileiro ocorreu após o envio de navios militares dos Estados Unidos para águas internacionais próximas à Venezuela. A justificativa apresentada pelo governo norte-americano foi o combate a cartéis de drogas. A movimentação gerou preocupação entre os países sul-americanos, que enxergam risco de ingerência externa.
Lula anunciou que convidará os líderes da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) para a inauguração de um centro de cooperação policial internacional em Manaus, prevista para 9 de setembro. A estrutura será voltada ao enfrentamento de crimes como garimpo ilegal, tráfico de drogas e contrabando de armas.
O presidente também criticou diretamente o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, por decisões unilaterais que, segundo ele, ignoram organismos multilaterais como a Organização Mundial do Comércio (OMC) e a Organização das Nações Unidas (ONU). Lula mencionou a saída dos EUA do Acordo de Paris e afirmou que enviou convite formal a Trump para participar da COP30, que será realizada em Belém (PA) em novembro.
Durante o evento, Lula anunciou o lançamento do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), que buscará apoio financeiro de países, empresas e entidades para incentivar a preservação de florestas em nações em desenvolvimento. O fundo será apresentado oficialmente na COP30, e o Brasil espera que países com maior responsabilidade histórica pelas emissões de gases de efeito estufa contribuam com recursos.
Até o momento, apenas 47 dos 196 países convidados confirmaram presença na COP30. A ONU solicitou ao governo brasileiro subsídios para hospedagem, diante dos altos custos praticados em Belém durante o período do evento.