Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Heinrich Heine, na Alemanha, revelou que a acidificação dos oceanos pode causar danos estruturais aos dentes de tubarões, incluindo rachaduras, buracos e corrosão das raízes. A pesquisa foi realizada com dentes naturalmente perdidos por tubarões-de-recife-de-pontas-negras mantidos em aquário, submetidos a diferentes níveis de pH por oito semanas.
Os dentes incubados em água com pH de 7,3 valor projetado para o ano de 2300 apresentaram degradação significativa em comparação aos dentes mantidos em pH 8,2, próximo à média atual dos oceanos. Os danos observados indicam que até predadores do topo da cadeia alimentar podem ser afetados diretamente pelas mudanças químicas provocadas pelas emissões de dióxido de carbono.
A acidificação ocorre quando o oceano absorve CO₂ da atmosfera, reduzindo o pH da água. Desde o início da Revolução Industrial, o pH da superfície oceânica caiu 0,1 unidade, o que representa aumento de 30% na acidez. Estruturas calcificadas como corais e moluscos já são conhecidas por sofrerem impactos, mas o novo estudo aponta vulnerabilidade também em tecidos duros de animais maiores.
Os pesquisadores alertam que danos cumulativos nos dentes podem comprometer a eficiência alimentar dos tubarões, especialmente em espécies com ciclos de substituição mais lentos. Como predadores essenciais para o equilíbrio ecológico marinho, qualquer enfraquecimento em sua capacidade de caça pode desencadear efeitos em cascata nos ecossistemas.
A pesquisa foi publicada na revista científica Frontiers in Marine Science e contribui para o entendimento dos impactos da crise climática sobre organismos marinhos em diferentes níveis da cadeia alimentar.