O governo israelense anunciou nesta terça-feira (2) que está avançando para o “estágio decisivo” da ofensiva militar contra o Hamas na Faixa de Gaza. A declaração foi acompanhada pela convocação de dezenas de milhares de reservistas para uma operação terrestre de grande escala, com foco na Cidade de Gaza, segundo o jornal The Times of Israel.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel (FDI), tenente-general Eyal Zamir, reforçaram em discursos separados que a campanha continuará até que seus objetivos sejam alcançados.
“Não pararemos a guerra até derrotarmos esse inimigo”, afirmou Zamir, prometendo atacar líderes do Hamas “em todos os níveis, o tempo todo”.
Zamir confirmou que a manobra terrestre já está em curso e se expandindo para áreas nunca antes acessadas pelas tropas israelenses. Netanyahu, em vídeo direcionado aos soldados, declarou:
“O que começou em Gaza deve terminar em Gaza. Agora estamos diante do estágio decisivo.”
Alvos militares e baixas recentes
As FDI intensificaram os ataques aéreos em bairros como Shejaiya e Zeitoun, atingindo infraestruturas e comandantes do Hamas. Entre os mortos estão Ahmad Abu Daf, subcomandante do Batalhão Zeitoun, e Taleb Abu Atiwi, da força de elite Nukhba. Também foi confirmada a morte de um combatente que mantinha reféns israelenses — já libertados — em cativeiro.
Evacuação civil e crise humanitária
Em antecipação à ofensiva, Israel ordenou a evacuação da Cidade de Gaza, orientando civis a se dirigirem à zona humanitária de al-Mawasi. Apesar disso, apenas cerca de 10 mil pessoas teriam se deslocado, de um total estimado de quase um milhão.
O Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, informou que 82 palestinos foram mortos em ataques israelenses apenas na terça-feira. Um dos bombardeios teria atingido um ponto de distribuição de água em al-Mawasi, matando 11 pessoas, incluindo sete crianças. A pasta também relatou 13 mortes por fome e desnutrição nas últimas 24 horas, elevando o total para 361 desde o início da guerra.
Cenas de devastação se repetem: do lado de fora do Hospital Shifa, sacos plásticos com corpos se acumulam nas ruas. O número total de mortos, segundo autoridades locais, ultrapassa 62 mil.
Reféns e negociações estagnadas
O impasse sobre um possível cessar-fogo persiste. O Hamas afirma ter aceitado uma proposta que prevê a libertação de 10 dos cerca de 20 reféns israelenses ainda vivos. Israel não respondeu oficialmente, embora o ministro Ron Dermer tenha sinalizado que a proposta não foi descartada.
Custo da guerra e impacto interno
A ofensiva planejada pode custar cerca de 25 bilhões de shekels (US$ 7,4 bilhões), segundo estimativas da emissora pública Kan. O valor levanta preocupações sobre cortes em outras áreas do orçamento governamental.
Com quase dois anos de duração, o conflito continua a redefinir o cenário geopolítico regional e a provocar consequências humanitárias profundas.
