O presidente da Rússia, Vladimir Putin, declarou nesta quarta-feira (3), durante coletiva em Pequim, que os Estados Unidos utilizam o conflito na Ucrânia como justificativa para impor tarifas comerciais ao Brasil. Segundo o líder russo, não há desequilíbrio econômico entre os dois países que justifique a medida, e o verdadeiro motivo seria político.
Putin afirmou que o governo norte-americano está “resolvendo questões econômicas com países cujas ligações desagradam alguém”, em referência às importações brasileiras de petróleo russo. Desde o início da guerra, o Brasil ampliou em mais de 300 vezes a compra de diesel da Rússia, passando de US$ 16,9 milhões em 2021 para US$ 5,3 bilhões em 2024.
O presidente russo também mencionou “problemas internos” no Brasil, citando as tensões entre o governo atual e o ex-presidente Jair Bolsonaro. A carta enviada por Donald Trump ao presidente Lula, que acompanha o decreto de tarifas de 50%, menciona o julgamento de Bolsonaro e acusa o Brasil de atacar eleições livres e a liberdade de expressão de cidadãos americanos.
Além das tarifas, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, anunciou a aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes, alegando censura e detenções arbitrárias. A medida amplia o alcance das sanções e pode afetar acordos bilaterais em áreas como tecnologia e defesa.
As declarações de Putin foram feitas durante evento militar na China, que reuniu líderes de países historicamente adversários dos Estados Unidos. O Brasil foi representado pelo assessor especial Celso Amorim e pela ex-presidente Dilma Rousseff.