A economia japonesa cresceu bem acima das expectativas no segundo trimestre de 2025, impulsionada por revisões positivas no consumo privado e nos estoques. Segundo dados atualizados divulgados pelo Gabinete do Governo nesta segunda-feira (8), o Produto Interno Bruto (PIB) avançou 2,2% em ritmo anualizado entre abril e junho — mais que o dobro da estimativa inicial de 1% e acima da previsão mediana dos economistas.
Na comparação trimestral, o crescimento foi de 0,5%, superando os 0,3% projetados anteriormente. A revisão foi atribuída a dados mais robustos de vendas em restaurantes, entretenimento e gastos corporativos, que não estavam disponíveis na divulgação preliminar.
O consumo privado, responsável por mais da metade da atividade econômica do país, teve alta de 0,4%, frente aos 0,2% estimados anteriormente. Já o componente de despesas de capital — indicador da demanda privada — foi revisado para baixo, com crescimento de 0,6%, ante os 1,3% da leitura inicial.
Apesar do desempenho positivo, analistas alertam para riscos no horizonte. A renúncia do primeiro-ministro Shigeru Ishiba no domingo (7), após derrotas eleitorais e desgaste político, adiciona incerteza ao cenário doméstico. Além disso, as tarifas impostas pelos Estados Unidos continuam pressionando o setor exportador japonês, especialmente o automotivo.
Na semana passada, Tóquio e Washington formalizaram um acordo comercial que reduziu as tarifas sobre automóveis japoneses de 27,5% para 15%, oferecendo algum alívio à indústria. Ainda assim, economistas como Shinichiro Kobayashi, da Mitsubishi UFJ, alertam que os gastos dos consumidores podem não ser suficientes para compensar uma possível queda nas exportações no terceiro trimestre.
Segundo Uichiro Nozaki, da Nomura Securities, embora os dados revisados não devam alterar imediatamente a política monetária do Banco do Japão, o ambiente de incerteza pode adiar qualquer aumento nas taxas de juros.
Agora, o foco se volta para os números do PIB entre julho e setembro, que devem indicar o impacto real das tarifas e da instabilidade política sobre a quarta maior economia do mundo.