O voto do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), pela anulação da ação penal contra Jair Bolsonaro (PL) no caso da trama golpista provocou forte repercussão internacional, especialmente nos Estados Unidos. Segundo a coluna de Jamil Chade, do UOL, o governo do presidente Donald Trump e seus conselheiros políticos celebraram publicamente a posição de Fux, que classificou como “absoluta incompetência” a decisão da Primeira Turma do STF.
A avaliação entre aliados de Trump é de que o voto foi “além do esperado” e reforça a estratégia americana de contestar decisões do Judiciário brasileiro. Jason Miller, conselheiro próximo ao presidente dos EUA e aliado do deputado Eduardo Bolsonaro (PL), compartilhou um vídeo do ministro com a legenda “Free Bolsonaro” (“Libertem Bolsonaro”).
Reações em Washington e apoio à narrativa bolsonarista
Diplomatas americanos interpretaram a fala de Fux como um endosso à política de sanções adotada por Washington contra membros do STF, especialmente o ministro Alexandre de Moraes. Um alto funcionário do governo Trump afirmou que a manifestação de Fux “valida nossa posição de aplicar sanções contra os responsáveis por ações que prejudicam a democracia no Brasil”.
A postura do ministro foi vista como alinhada à política externa dos EUA, que tem pressionado por medidas contra autoridades brasileiras envolvidas no julgamento da tentativa de golpe.
Desconforto em Brasília e risco diplomático
Do lado brasileiro, a repercussão gerou preocupação. O governo demonstrou frustração com a leitura internacional do voto de Fux e com declarações da Casa Branca que sugerem possíveis medidas mais duras para “defender a liberdade de expressão no Brasil”, incluindo menções ao uso de força militar — o que foi interpretado como uma tentativa de interferência nos assuntos internos do país.
A escalada nas tensões bilaterais pode comprometer o diálogo diplomático entre Brasil e Estados Unidos, além de gerar desgaste político para o governo brasileiro no cenário internacional.
