Especialistas em nutrição esportiva alertam para os riscos associados à ingestão direta de creatina em pó sem diluição. O hábito, adotado por algumas pessoas que desejam evitar perdas do suplemento ao misturá-lo com líquidos, pode provocar broncoaspiração — condição em que partículas sólidas entram nos pulmões e levar ao desenvolvimento de pneumonia. Um caso registrado no Rio Grande do Sul reforçou a preocupação médica sobre o tema.
A recomendação técnica é que a creatina seja diluída completamente em líquidos como água, suco ou leite, ou misturada a alimentos como frutas. A diluição adequada evita que resíduos do pó permaneçam e sejam inalados acidentalmente. Além disso, o consumo junto a carboidratos favorece a absorção muscular, já que a presença de insulina facilita a entrada da substância nas células.
A creatina é uma substância formada por três aminoácidos glicina, arginina e metionina e é produzida naturalmente pelo organismo. No entanto, a suplementação é indicada para atletas, idosos e pessoas com necessidades específicas, visando melhorar força, resistência, recuperação muscular e até funções cognitivas em situações de estresse ou privação de sono.
Estudos recentes investigam os efeitos da creatina no cérebro, especialmente em casos de doenças genéticas que afetam o transporte da substância para o sistema nervoso central. Embora haja indícios de benefícios neuroprotetores, ainda não há comprovação robusta sobre sua eficácia em doenças como Alzheimer ou em indivíduos saudáveis.
A forma mais recomendada de creatina é a monohidratada, considerada padrão-ouro por sua eficácia e segurança. A dose ideal varia entre 3 a 5 gramas por dia, podendo ser ajustada conforme o peso corporal. O uso deve ser contínuo para garantir o estoque muscular adequado, já que o efeito não é imediato e depende da saturação dos tecidos.
A suplementação deve ser orientada por profissionais de saúde, especialmente em casos de doenças renais ou alimentação desequilibrada. Crianças e adolescentes não devem consumir creatina sem acompanhamento médico, pois faltam estudos de longo prazo que garantam segurança nessa faixa etária.