ONU considera ‘limpeza étnica’ a proposta de Trump de expulsar palestinos de Gaza

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António Guterres (Foto: TASS)

O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, em uma dura declaração, disse que o plano de Trump para realocar a população palestina de Gaza equivaleria a uma “limpeza étnica”, e que se colocado na prática corre o risco de “tornar impossível um Estado palestino para sempre”, aponta reportagem do jornal O Globo.

O enviado enviado às Nações Unidas, Riyad Mansour, disse que os líderes mundiais e o povo deveriam respeitar o desejo dos palestinos de permanência em Gaza.

“Nossa pátria é nossa pátria, se parte dela for destruída, na Faixa de Gaza, o povo palestino escolheu retornar a ela – disse Mansour. E acho que os líderes e o povo devem respeitar os desejos dos palestinos – concluiu afirmando ainda que “nosso país e nossa casa são a Faixa de Gaza, é parte da Palestina”, disse ele.

Questionado, o primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese, preferiu não fazer um comentário direto, mas afirmou que continua a apoiar uma solução de dois Estados no Oriente Médio.

O Ministério das Relações Exteriores da Arábia Saudita divulgou uma declaração após o plano de Trump. As autoridades árabes enfatizam o apoio “firme e inabalável” ao estabelecimento de um Estado palestino.

As autoridades árabes, que falaram à mídia expressaram perplexidade, preocupação e pessimismo.

Um diplomata disse, anonimamente, que os comentários de Trump colocaram em risco o frágil acordo de cessar-fogo em Gaza.

“É essencial considerar as profundas implicações que tais propostas têm sobre a vida e a dignidade do povo palestino, bem como no Oriente Médio em geral”, disse o diplomata.

“A realidade é que 1,8 milhão de pessoas em Gaza resistiriam a tal iniciativa e se recusariam a sair”, disse o diplomata.

Na segunda-feira, antes mesmo do Trum anunciar sua proposta, os ministros das Relações Exteriores da Arábia Saudita, além do Egito, Jordânia, Emirados Árabes Unidos e Catar, bem como o secretário-geral da OLP, enviaram uma carta conjunta ao secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, pedindo a resolução da questão palestina afirmando que se trata da “chave para a paz regional” e dizendo que só pode acontecer por meio de uma solução de dois Estados.

“É imperativo que Israel não anexe nenhuma terra palestina”, diz a carta.”Tal anexação simplesmente tornará a solução de dois estados inviável.”

“Os palestinos não querem deixar suas terras. Apoiamos sua posição inequivocamente”, escreveram os ministros.

Para o alto funcionário do Hamas, Sami Abu Zuhri, a fala de Trump é condenável, uma vez que a ideia de que os palestinos saiam de Gaza significa a “expulsão de suas terras”, informou a agência de notícias Reuters.

Reações internas

A congressista democrata Rashida Tlaib comparou a proposta de Trump a uma “limpeza étnica”.

“Esperavam o quê? Os EUA vão ocupar Gaza? Não nos prometeram mais guerras intermináveis? Pelas minhas contas, estamos ocupando a Groenlândia, Canadá, Canal do Panamá e agora… Gaza?” escreveu o congressista californiano, Eric Swalwell, em um post no X.

O representante democrata Jake Auchincloss descreveu a proposta como “imprudente e irracional”.

Senadores republicanos ou se recusaram comentar ou procuraram ser cuidadosos ao comentar. A representante da Carolina do Sul, Lindsey Graham chamou de “proposta interessante, mas também problemática”.

 

Fonte: Brasil247

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