O enviado dos EUA, Adam Boehler, afirmou que suas negociações diretas com o Hamas foram “muito úteis” e demonstrou confiança na possibilidade de um acordo para a libertação de prisioneiros israelenses nas próximas semanas.
Um líder da resistência palestina revelou ao site Al Mayadeen que os Estados Unidos buscam um canal de comunicação direta com o Hamas, mas dentro de limites específicos, para evitar que o grupo obtenha vantagens políticas dessa interação com o governo americano.
Segundo esse líder, representantes dos EUA indicaram que o presidente Donald Trump tem capacidade de pressionar Israel a interromper a guerra e negociar um acordo com o Hamas. A libertação de um prisioneiro israelense-americano pelo grupo poderia influenciar a posição do governo Trump.
O Hamas reafirmou seu compromisso com o cessar-fogo e sua disposição para iniciar imediatamente as negociações da segunda fase do acordo. “Ameaças e chantagens não surtirão efeito. A única saída é a negociação e o cumprimento do que foi acordado”, afirmou um representante ao Al Mayadeen, ressaltando que qualquer outra abordagem poderia comprometer o destino dos prisioneiros remanescentes.
Em entrevista à CNN, Boehler reconheceu a complexidade das negociações, dado que os EUA classificam o Hamas como uma organização terrorista desde 1997. No entanto, ele não descartou futuras reuniões com o grupo palestino, apesar das preocupações de Israel. Seu objetivo, segundo ele, é reavivar as negociações, que ele considera “frágeis”.
A primeira fase do cessar-fogo, que envolveu a libertação de alguns prisioneiros israelenses, foi concluída no início deste mês. No entanto, Israel e o Hamas divergem sobre a transição para a segunda fase, que busca o fim definitivo da guerra na Faixa de Gaza.
Enquanto Israel deseja estender a primeira fase até meados de abril, o Hamas insiste na progressão imediata para a etapa seguinte, que prevê o fim permanente dos confrontos. Durante a primeira fase, o Hamas libertou 25 prisioneiros vivos e entregou os corpos de outros oito, em troca da soltura de aproximadamente 1.800 palestinos detidos em prisões israelenses.
Dos 251 indivíduos capturados em 7 de outubro de 2023, 58 ainda permanecem em Gaza, sendo que o exército israelense confirmou a morte de 34 deles.
Na semana passada, o presidente Donald Trump emitiu um “último aviso” ao Hamas, ameaçando intensificar os ataques a Gaza caso todos os prisioneiros restantes não fossem libertados.
Boehler admitiu que Israel expressou preocupação com o envolvimento dos EUA nas negociações, mas enfatizou que os Estados Unidos agem de forma independente. “Nós somos os Estados Unidos. Não somos um agente de Israel”, declarou.
Fonte: Brasil247