A fábrica secreta dos EUA que expõe contradições nos planos de Trump

3 Min de leitura
A fábrica da TSMC no Arizona é vigiada de perto — Foto: BBC

Nos arredores de Phoenix, Arizona, um complexo industrial altamente vigiado está sendo construído para fabricar os semicondutores mais avançados do mundo. A instalação pertence à Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC), responsável por 90% da produção global de chips de ponta.

O projeto, que recebeu investimentos bilionários, é visto como um marco na tentativa dos Estados Unidos de reduzir sua dependência tecnológica de Taiwan e fortalecer sua posição na disputa global por supremacia industrial.

A unidade Fab 21, da TSMC, representa um esforço para transferir parte da produção de semicondutores para os EUA, evitando tarifas sobre chips importados e reduzindo riscos geopolíticos.

Os semicondutores fabricados pela empresa taiwanesa estão presentes em dispositivos como iPhones da Apple, chips da Nvidia e computadores de última geração. A fábrica no Arizona busca garantir que essa tecnologia essencial seja produzida em território americano.

O ex-presidente Donald Trump frequentemente menciona a fábrica como um exemplo do sucesso de sua política econômica. Ele atribui a expansão da TSMC nos EUA às suas ameaças de tarifas sobre Taiwan e o setor de semicondutores.

Trump defende que sua estratégia de America First está incentivando empresas estrangeiras a transferirem fábricas para os EUA, evitando impostos pesados. No entanto, especialistas apontam que grande parte desse movimento já estava planejado e subsidiado pela Lei de Chips, aprovada durante o governo de Joe Biden.

A fabricação de semicondutores exige um ambiente extremamente controlado. A unidade da TSMC no Arizona utiliza tecnologia de luz ultravioleta extrema, um processo que envolve milhares de etapas para criar chips de 4 nanômetros.

O engenheiro Konstantinos Ninios explica que cada wafer de silício contém até 14 trilhões de transistores, sendo um dos produtos mais avançados já fabricados nos EUA.

A China observa atentamente a expansão da TSMC nos EUA. Taiwan, que se tornou um centro global de semicondutores, usa essa tecnologia como parte de sua estratégia de defesa contra uma possível invasão chinesa.

O presidente de Taiwan, Lai Ching-te, pediu que democracias como Japão e EUA desenvolvam cadeias de suprimentos “não vermelhas”, para conter a influência chinesa no setor.

Enquanto isso, os EUA impõem restrições à exportação de chips para a China, tentando limitar o avanço tecnológico do país asiático. No entanto, especialistas alertam que essas medidas podem estar acelerando o desenvolvimento de semicondutores chineses.

Fonte: Redação

Compartilhar