O acordo de livre comércio entre a União Europeia (UE) e o Mercosul deu um passo decisivo rumo à sua implementação. Na quarta-feira (3), o Conselho da UE validou o texto final do tratado, que agora segue para aprovação no Parlamento Europeu. Para entrar em vigor, será necessário o aval de pelo menos 15 dos 27 países do bloco europeu.
Negociado desde 1999 e concluído em 2024, durante a cúpula do Mercosul no Uruguai, o pacto prevê a eliminação gradual de tarifas sobre até 92% das exportações entre os dois blocos. A medida é vista como uma oportunidade estratégica para fortalecer os laços comerciais entre Europa e América do Sul, especialmente em um cenário de crescente protecionismo global.
Pressão tarifária dos EUA acelera negociações
A formalização do acordo ocorre em meio à escalada da guerra tarifária promovida pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O Brasil foi duramente atingido, com tarifas de até 50% sobre suas exportações para o mercado norte-americano, enquanto os produtos europeus enfrentam aumentos de até 15%. Diante desse cenário, o tratado entre UE e Mercosul surge como alternativa para mitigar os impactos do protecionismo americano e diversificar os mercados de destino.
Expectativas para o Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou otimismo quanto à conclusão do acordo até o fim de 2025, quando o Brasil encerrará sua presidência rotativa no Mercosul. Segundo projeções, a ratificação do tratado pode gerar um aumento de mais de US$ 7 bilhões nas exportações brasileiras para a UE no curto prazo, além de um impacto positivo estimado em R$ 37 bilhões no PIB nacional até 2044.
Apesar do avanço, o acordo ainda enfrenta resistência de países europeus, como França e Polônia, preocupados com o impacto sobre seus setores agrícolas. A Comissão Europeia propôs salvaguardas para limitar importações em caso de desequilíbrio, tentando suavizar a oposição e garantir apoio político à medida.