O resgate do corpo da brasileira Juliana Marins, de 26 anos, no Monte Rinjani, na Indonésia, mobilizou equipes de busca e alpinistas voluntários e evidenciou lacunas estruturais no sistema de emergência do país. A jovem carioca caiu de um penhasco de aproximadamente 300 metros durante uma trilha no dia 20 de junho. Seu corpo foi localizado no mesmo dia por turistas, mas o içamento só foi concluído quatro dias depois, após uma operação de 15 horas em terreno de difícil acesso.
O alpinista indonésio identificado como Agam, voluntário na operação, foi o primeiro a alcançar o ponto onde o corpo estava. Sem condições seguras de retorno noturno, ele passou a madrugada ao lado do corpo de Juliana, ancorado à beira de um penhasco de 590 metros, impedindo que ela escorregasse ainda mais. Equipado com capacetes, cordas, lanternas e mantimentos, ele permaneceu no local até o amanhecer, quando foi possível iniciar a retirada.
O corpo foi transportado por trilha até a base da montanha e encaminhado ao Hospital Bhayangkara, na ilha de Lombok. A operação envolveu forças locais como a Agência Nacional de Busca e Resgate da Indonésia (Basarnas), a polícia e funcionários do Parque Nacional do Monte Rinjani. No entanto, familiares da vítima denunciaram a falta de estrutura adequada, a morosidade das equipes e a ausência de resposta imediata após o acidente.
Segundo relatos da família, Juliana foi abandonada pelo guia que liderava o grupo, após expressar cansaço durante o segundo dia da trilha. Sozinha e sem apoio, ela teria se desesperado antes de cair. A crítica também se estende ao parque, que não interditou a trilha mesmo com a brasileira em situação crítica.
O caso provocou ampla repercussão nas redes sociais e trouxe visibilidade ao trabalho de resgate feito por voluntários locais como Agam, que passou a ser chamado de “combatente humanitário” e ganhou milhares de seguidores após divulgar vídeos da operação.
Desde 2020, o Monte Rinjani já registrou pelo menos oito mortes e mais de 180 acidentes. O episódio reacende o debate sobre protocolos de segurança em áreas de turismo de aventura na Indonésia, especialmente durante o período do ano em que as condições climáticas são sabidamente instáveis.