Um novo alerta da autoridade regulatória britânica acendeu o sinal vermelho para mulheres que tomam anticoncepcionais orais e, ao mesmo tempo, utilizam injetáveis para emagrecimento — especialmente os famosos Wegovy (semaglutida) e Mounjaro (tirzepatida). O crescimento de casos de gravidez não planejada durante o uso dessas medicações levou ao surgimento do termo “bebês do Ozempic”, em referência ao análogo para diabetes que compartilha o mesmo princípio ativo do Wegovy.
Como as drogas agem — e por que podem atrapalhar anticoncepcionais
Essas medicações imitam o hormônio GLP-1, responsável por suprimir o apetite e desacelerar a digestão. No caso da tirzepatida (Mounjaro), o efeito é potencializado com ação também sobre o sistema GIP. O problema é que essa desaceleração no esvaziamento gástrico pode atrasar ou reduzir a absorção da pílula anticoncepcional, comprometendo sua eficácia.
Um estudo recente apontou que a tirzepatida pode reduzir em até 20% a presença do etinilestradiol — hormônio-chave da pílula — na corrente sanguínea, além de atrasar sua absorção em até quatro horas. Já a semaglutida mostrou impacto mais leve, mas ainda assim preocupante em quadros específicos.
Vômitos, diarreia e fertilidade em alta
A situação se agrava quando entram em cena os efeitos colaterais comuns desses remédios: vômitos e diarreia, presentes em 12% e 23% dos pacientes, respectivamente. Esses eventos podem fazer com que a pílula seja expelida antes de ser absorvida, anulando sua proteção.
Outro fator inesperado é o aumento da fertilidade após a perda de peso. Mulheres com obesidade, especialmente aquelas com síndrome dos ovários policísticos (SOP), podem ter a fertilidade aumentada de forma significativa com a redução de peso — o que amplia o risco de gravidez acidental mesmo com uso regular da pílula.
Que métodos continuam seguros?
Até o momento, anticoncepcionais não-orais não mostram redução de eficácia diante das drogas de GLP-1. Métodos como DIU, adesivos hormonais, implantes subcutâneos e o preservativo seguem como alternativas recomendadas. A orientação atual é de que mulheres que iniciam o uso de medicamentos como Wegovy ou Mounjaro usem métodos adicionais por pelo menos quatro semanas, tempo em que os efeitos colaterais costumam ser mais intensos.