Autoridades da Armênia prenderam na quarta-feira (25) o arcebispo Bagrat Galstanyan, figura influente da Igreja Apostólica Armênia, junto com outras 13 pessoas, sob a acusação de planejar um complô para derrubar o governo. Segundo o Comitê Investigativo do país, Galstanyan e outros 15 suspeitos teriam adquirido meios para cometer um ataque terrorista e tomar o poder.
O primeiro-ministro Nikol Pashinyan afirmou em seu canal no Telegram que as forças de segurança frustraram um “plano amplo e sinistro do clero oligárquico-criminoso” para desestabilizar o país, ex-república soviética no Cáucaso do Sul.
A prisão ocorre em meio a um agravamento das tensões entre o governo e a Igreja, que tem criticado duramente Pashinyan, especialmente após as derrotas militares da Armênia para o Azerbaijão. Clérigos seniores chegaram a pedir sua renúncia.
Na semana anterior, o bilionário russo-armênio Samvel Karapetyan também foi detido, acusado de incitar a usurpação do poder após denunciar uma suposta campanha do governo contra a Igreja. Seus advogados negam qualquer irregularidade.
A defesa de Galstanyan, por sua vez, afirma que ele está sendo injustamente criminalizado e que o governo tenta criar uma “cortina de fumaça” ao apresentar o caso como uma ameaça terrorista.
Galstanyan liderou protestos de rua no ano passado exigindo a saída de Pashinyan, aproveitando o descontentamento popular com as concessões territoriais feitas ao Azerbaijão. As autoridades alegam que ele e seus aliados recrutaram mais de mil pessoas — em sua maioria ex-militares e policiais — para bloquear vias, incitar violência e cortar o acesso à internet.
O Comitê Investigativo divulgou gravações de áudio e imagens de armas que teriam sido apreendidas durante as buscas. As eleições parlamentares estão previstas para junho de 2026, e Pashinyan tenta avançar com um tratado de paz com o Azerbaijão, apesar do aumento das violações do cessar-fogo neste ano.