A condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF) repercutiu em veículos internacionais, com destaque para um artigo publicado por dois cientistas políticos norte-americanos. O texto compara a resposta institucional brasileira à tentativa de golpe com a postura adotada pelos Estados Unidos após os eventos de 6 de janeiro de 2021, envolvendo o então presidente Donald Trump.
Segundo os autores, o Brasil conseguiu responsabilizar judicialmente um ex-chefe de Estado por tentar reverter o resultado de uma eleição democrática, enquanto nos EUA, Trump não foi punido e retornou ao poder. Eles apontam que, embora ambos tenham atacado as instituições após derrotas eleitorais, os sistemas políticos e judiciais dos dois países seguiram caminhos opostos.
O artigo também menciona as sanções aplicadas pelo governo norte-americano a autoridades brasileiras, como o ministro Alexandre de Moraes, classificando a atitude como contraditória. Para os analistas, os EUA estariam penalizando o Brasil por tomar medidas que eles próprios falharam em adotar, como responsabilizar um presidente por ameaças à democracia.
Outro ponto abordado é o conceito de “autoritarismo competitivo”, usado para descrever regimes em que eleições continuam ocorrendo, mas instituições são capturadas por líderes eleitos. Os autores sugerem que os Estados Unidos podem já ter ultrapassado essa linha, citando práticas como uso de órgãos estatais para punir opositores e desrespeito à Constituição.
O texto também elogia a atuação do STF, destacando a condução do julgamento com base em provas robustas sobre o envolvimento de Bolsonaro e seus aliados em uma articulação para impedir a posse do presidente eleito. Entre os elementos citados estão planos de assassinato contra autoridades como Lula, Geraldo Alckmin e o próprio Moraes.
Bolsonaro foi condenado a 27 anos e 3 meses de prisão em regime fechado e declarado inelegível por oito anos. A execução da pena depende do trânsito em julgado, mas o julgamento já é considerado um marco na história política brasileira.