A Associação Internacional de Estudiosos do Genocídio (IAGS) aprovou neste domingo (31) uma resolução afirmando que Israel está cometendo genocídio na Faixa de Gaza. A decisão foi respaldada por mais de dois terços dos cerca de 500 membros da entidade, considerada a principal referência acadêmica global no estudo do crime de genocídio.
Segundo o documento, o governo israelense tem praticado “crimes sistemáticos e generalizados contra a humanidade”, incluindo ataques deliberados a civis e à infraestrutura essencial de Gaza, como hospitais, residências e centros comerciais.
Base jurídica e evidências citadas
A IAGS fundamenta sua declaração no artigo 2º da Convenção da ONU para a Prevenção do Genocídio (1948), que define genocídio como atos cometidos com intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso. Entre os elementos citados estão:
- Matança de mais de 50 mil crianças palestinas
- Declarações de autoridades israelenses que desumanizam os palestinos
- Ataques a locais de produção de alimentos e restrição de ajuda humanitária
- Destruição de escolas, universidades, museus e arquivos
- Deslocamento forçado de quase toda a população de Gaza
A associação também aponta práticas como tortura, detenção arbitrária, violência sexual e ataques a profissionais de saúde, jornalistas e trabalhadores humanitários.
Reação de Israel
O governo israelense repudiou a resolução, classificando-a como “uma vergonha para a profissão jurídica e para qualquer padrão acadêmico”. Em nota oficial, o Ministério das Relações Exteriores de Tel Aviv acusou a IAGS de “reproduzir mentiras do Hamas” e ignorar o ataque de 7 de outubro de 2023, que matou 1.200 israelenses.
Israel afirma que suas ações são direcionadas exclusivamente contra o Hamas e que busca recuperar reféns ainda em poder do grupo. O país também nega qualquer intenção genocida e acusa a associação de distorcer decisões da Corte Internacional de Justiça (CIJ).
Contexto internacional
A acusação de genocídio contra Israel também está sendo analisada pela CIJ, em processo movido pela África do Sul e apoiado por países como Brasil. Organizações como Anistia Internacional e Human Rights Watch já classificaram as ações em Gaza como genocidas.
A ONU, por meio da FAO, confirmou que Gaza atingiu o nível 5 de insegurança alimentar — o mais grave — caracterizando uma catástrofe humanitária.