Auditoria no Previ levanta suspeitas sobre compra de ações da Vibra e critérios de governança

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Foto: Jorge William / Agência O Globo

Um relatório preliminar de auditoria no Previ, em fase final de elaboração pela equipe técnica do Tribunal de Contas da União (TCU), aponta indícios de que a compra de participação acionária na Vibra (antiga BR Distribuidora) pode ter contrariado a estratégia do fundo de reduzir sua exposição em renda variável.

A auditoria também levantou questionamentos sobre mudanças nos critérios de seleção para conselheiros das empresas em que a Previ possui participação, gerando preocupações quanto à governança do fundo de pensão.

Os primeiros achados da investigação devem ser apresentados nesta sexta-feira (14) ao ministro Walton Alencar, relator do processo no TCU. O ministro já havia demonstrado “preocupação extrema” com o déficit de R$ 14 bilhões registrado no Plano 1 da Previ — o maior fundo de previdência complementar dos funcionários do Banco do Brasil — entre janeiro e novembro do ano passado.

A auditoria está sendo conduzida por etapas, e a primeira fase buscou compreender as causas desse déficit. De acordo com o relatório, a principal justificativa apresentada aos auditores foi a desvalorização das ações da mineradora Vale, na qual a Previ tem grande participação.

No entanto, apesar da diretriz do fundo de reduzir seus investimentos em renda variável, os auditores identificaram uma movimentação contrária a essa estratégia: uma compra significativa de ações da Vibra. Segundo dados da própria companhia, a participação da Previ na empresa aumentou de 3,3% no primeiro trimestre de 2024 para 5,24% atualmente.

Outro aspecto analisado pela auditoria foi o processo de escolha dos representantes da Previ nos conselhos de administração das empresas onde o fundo possui participação. A investigação apontou mudanças nos critérios de seleção, que antes priorizavam formação acadêmica e experiência profissional. Essas alterações permitiram que pessoas sem qualificações técnicas exigidas anteriormente assumissem posições estratégicas.

Um dos casos mencionados no relatório é o do presidente da Previ, João Fukunaga. Formado em História, ele, segundo os auditores, não atenderia aos critérios anteriores para ocupar assentos nos conselhos, a menos que houvesse uma flexibilização das regras.

A auditoria segue em andamento e servirá de base para futuras investigações sobre a governança e os investimentos da Previ.

A Previ é o maior fundo de pensão do Brasil, administrando aproximadamente R$ 270 bilhões em investimentos, de acordo com dados de agosto da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp). Atualmente, conta com 84 mil funcionários do Banco do Brasil como participantes e 109 mil beneficiários.

No fechamento de 2024, o déficit no Plano 1 chegou a R$ 17,6 bilhões, ampliando a preocupação sobre a sustentabilidade financeira do fundo.

Fonte: Redação

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