Desde o retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, a política de imigração passou por mudanças significativas, incluindo um aumento expressivo nas detenções realizadas pelo Serviço de Imigração e Alfândega (ICE). De acordo com dados oficiais, cerca de 51 mil imigrantes sem documentos estão atualmente detidos no país – o maior número registrado desde 2019.
Expansão da política de detenções
A promessa de Trump de realizar a maior operação de deportação da história norte-americana começou a ser cumprida logo no primeiro semestre de seu mandato. No início da gestão, os agentes do ICE priorizavam criminosos com antecedentes, mas nos últimos meses a operação se ampliou para incluir trabalhadores imigrantes, ativistas estudantis e até turistas que enfrentam problemas com vistos.
O Departamento de Segurança Nacional dos Estados Unidos (DHS) estima que até 3 mil prisões estejam sendo realizadas por dia, um aumento considerável em comparação aos 660 casos diários registrados nos primeiros 100 dias do governo.
Quem são os imigrantes detidos?
Inicialmente, Trump justificou a operação afirmando que seu foco estava em criminosos e ameaças à segurança nacional. No entanto, números recentes sugerem que 44% das pessoas mantidas em centros de detenção não possuem histórico criminal, além do fato de que muitas prisões ocorreram em locais de trabalho e residências.
Em Los Angeles, uma grande onda de protestos se espalhou pelas ruas após agentes do ICE realizarem batidas em fábricas e mercados, prendendo 118 imigrantes. O governo americano afirma que membros de gangues criminosas estavam entre os detidos, mas familiares e entidades de defesa dos imigrantes contestam a narrativa oficial.
“Ele foi detido quando saía de uma loja de roupas. Nunca teve passagem pela polícia.”, declarou a mãe de um imigrante mexicano zapoteca, em entrevista ao Washington Post.
Prisões envolvendo turistas e estudantes
Um dos casos que chamaram atenção foi a prisão da turista britânica Jasmine Mooney, que passou 19 dias em um centro de detenção após um erro relacionado ao seu visto. Segundo relatos, Mooney ficou em uma cela de concreto sem cobertor e com acesso limitado ao banheiro, gerando protestos do governo do Reino Unido.
Outro episódio ocorreu com o influenciador Khaby Lame, o astro do TikTok mais seguido do mundo, que foi detido no aeroporto de Las Vegas por supostas violações migratórias. O ICE afirmou que ele ultrapassou o prazo de permanência nos Estados Unidos.
Os agentes de imigração também passaram a focar em estudantes envolvidos em manifestações políticas, especialmente os que participaram de protestos contra a guerra na Palestina em universidades norte-americanas.
Impactos na política externa e resposta da Casa Branca
A crescente repressão contra imigrantes e turistas gerou críticas internacionais, com governos estrangeiros questionando o tratamento dado a seus cidadãos. O Canadá, por exemplo, manifestou preocupação com a prisão de turistas em aeroportos.
O porta-voz do Departamento de Segurança Nacional, Tricia McLaughlin, defendeu as ações do ICE, afirmando que o visto é um privilégio, não um direito, e que qualquer violação pode resultar na deportação imediata.
Aumento da deportação para megaprisões internacionais
Outro ponto polêmico da nova política migratória dos EUA envolve a deportação de imigrantes para megaprisões em El Salvador. Mais de 250 pessoas foram enviadas para o Centro de Confinamento do Terrorismo (CECOT), uma penitenciária conhecida por suas condições rigorosas.
O governo norte-americano justificou as deportações alegando que os detidos possuem ligação com gangues criminosas, mas grupos de direitos humanos contestam essa afirmação.
“Muitos foram levados apenas por terem tatuagens comuns, sem qualquer ligação com o crime.”, declarou Adalys Ferro, diretora-executiva do grupo Venezuelan-American Caucus.
Com o aumento das detenções e deportações, organizações e líderes políticos seguem pressionando a administração de Trump para que revise a política migratória, enquanto protestos continuam ocorrendo em diversas cidades norte-americanas.
Fonte: Redação