Em carta enviada nesta quinta-feira (10) ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, reconheceu que a inflação acumulada em 12 meses está fora da meta há seis meses consecutivos e só deve retornar ao intervalo de tolerância no fim do primeiro trimestre de 2026.
Meta e cenário atual
A meta de inflação definida pelo Comitê Monetário Nacional (CMN) é de 3% ao ano, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo — ou seja, o IPCA deve se manter entre 2,5% e 4,5% por seis meses consecutivos. No entanto, o índice divulgado pelo IBGE em junho atingiu 5,35%, ultrapassando o teto da meta.
Fatores que pressionam a inflação
Segundo Galípolo, o estouro da meta é resultado de:
- Atividade econômica aquecida, com crescimento do PIB acima do esperado
- Mercado de trabalho forte, impulsionando consumo e investimentos
- Expectativas desancoradas, especialmente desde o segundo semestre de 2024
- Inércia inflacionária, dificultando o controle dos preços
- Alta do dólar frente ao real, encarecendo bens importados
Os principais componentes que pressionaram os preços foram gasolina, serviços, alimentos industrializados e vestuário.
Resposta do BC: juros altos e vigilância
Diante do cenário persistente, o Copom iniciou um novo ciclo de aperto monetário em setembro de 2024. Desde então, a taxa Selic foi elevada em 4,5 pontos percentuais, chegando a 15% ao ano em junho. O BC sinalizou que pode manter os juros em patamar contracionista por mais tempo e não descarta novas altas.
“O Comitê segue vigilante […] e não hesitará em prosseguir no ciclo de ajuste caso julgue apropriado”, afirma Galípolo.
Transparência e próximos passos
Durante o período de descumprimento, o BC se comprometeu a:
- Publicar atualizações trimestrais no Relatório de Política Monetária
- Emitir novas cartas explicativas, caso a inflação não volte à meta ou se as medidas precisarem ser revistas
Galípolo reforçou o compromisso com a meta de 3% e com a transparência da política monetária.